Topo

Blocos de rua

Crianças caem na folia pela primeira vez em bloco infantil em São Paulo

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

26/02/2017 14h11

A pequena Bárbara, 3, jogava confetes e serpentinas para cima junto com a prima Rafaella, 6, no meio da avenida Professor Alfonso Bovero, no bairro de Perdizes, zona oeste de São Paulo, onde na manhã do domingo de Carnaval acontece o bloco Gente Miúda.

Os pais de Bárbara observam orgulhosos o gosto da filha pelo Carnaval. "Desde cedo ela estava em casa perguntando a que horas iríamos ao bloco", contou a mãe, a hoteleira Sabrosa Martiniano, 36.
                     
A empolgação de Barbara deve estar no sangue. O pai dela, o bancário Edmilson Martiniano, 42, é baiano e lembra que há 20 anos veio morar em São Paulo um dia antes do início do Carnaval. "Sai louco atrás de ao menos um baile de carnaval. Naquela época não tinha carnaval de rua aqui como tem hoje", conta.

Logo ele se enturmou com a maneira paulistana de fazer carnaval e foi fazer parte da Comissão de frente da X-9 Paulistana. "Quero que ela tome gosto pelo Carnaval, que goste de Carnaval de rua, de escola de samba. É coisa de preto, ela tem que gostar", desejou o pai, observando observando a filha pequena brincar a sua primeira folia na rua.

Vovó cai na folia: A socióloga Ana Lúcia Miranda, 62, levou os netos para o Bloco Gente Miúda, em Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
Vovó cai na folia: A socióloga Ana Lúcia Miranda, 62, levou os netos para o Bloco Gente Miúda
Imagem: Reinaldo Canato/UOL
Único bloco 

Os netos da socióloga Ana Lúcia Miranda, 62, vieram de Ubatuba, no litoral de São Paulo, para passar o Carnaval na capital Paulista. A avó ficou responsável por fazer toda a programação da criançada nesses dias de folia. Encontrou dificuldade de achar um bloquinho voltado especificamente para esse público. "Leio jornal todos os dias. Fiquei sabendo desse bloco pelo jornal. Não vi mais nenhum além desse durante o carnaval", contou.

Para a filha de Ana Lúcia, a nutricionista Vanessa Bernardini, 37, trazer os filhos, Miguel e Marina, 3 e 7 respectivamente, para o bloco é uma ótima maneira de mostrar o que é o carnaval de rua e é a importância de manter as tradições. "Eles que escolheram as fantasias. É muito importante mostrar para eles o que é o bloco, a importância da tradição, de fugir do que o carnaval está virando", disse.

Para Ana Lúcia, Carnaval tem que ser na rua, ser democrático. "Esse resgate do carnaval de rua é ótimo desde que não perca essa característica de ser um encontro popular. Se começar essa coisa de cordão aí não vai ser legal", disse.

26.fev.2017 - A iniciativa de criar o bloco Gente Miúda foi da musicista Kel Figueiredo, 36, mãe do pequeno Théo, de 2 - Reinaldo Canato/UOL - Reinaldo Canato/UOL
A iniciativa de criar o bloco Gente Miúda foi da musicista Kel Figueiredo, 36, mãe do pequeno Théo, de 2
Imagem: Reinaldo Canato/UOL
Gente Miúda

É a primeira vez que o bloco voltado apenas para crianças desfila na Alfonso Bovero.

A iniciativa é da musicista Kel Figueiredo, 36, mãe do pequeno Théo, de 2. "Temos uma banda infantil há um ano e resolvemos transformar o repertório que tocamos em marchinhas. A banda deu super certo e decidimos nos arriscar no carnaval de rua", contou.

O bloco não contou com patrocínio. Tudo saiu dos bolsos dos integrantes da banda. "Criamos uma página e um evento no Facebook. Pensamos que só viria gente do bairro. Mas teve gente que veio de outras cidades para brincar o carnaval com os filhos aqui", disse.

Para ela, faltava um bloco como o Gente Miúda no Carnaval de São Paulo. "Aqui os pais ficam mais a vontade para brincar o carnaval com os seus filhos. O Carnaval tem que ser para todos, até para os pais que tem filhos pequenos", disse.