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Blocos de rua

Simpatia É Quase Amor festeja 100 anos do samba, canta hino e borrifa água

Giovani Lettiere

Colaboração para o UOL, no Rio

18/02/2017 22h18

Pode até parecer clichê um bloco de Carnaval homenagear o samba, mas diante de cortejos com músicas dos Beatles, de MPB, de funk... foi no ritmo dos tamborins que o Simpatia É Quase Amor se destacou na agenda de 112 desfiles deste fim de semana no Rio -- justamente por celebrar o centenário do samba.

O samba-enredo do bloco -- que tem entre os compositores o sambista Diogo Nogueira, que não compareceu -- lembrou Donga, autor do primeiro samba gravado no Brasil, "Pelo Telefone" (1917), e a escravidão. Diz um trecho da música: "Depois do fim da senzala, batuque, terreiro e perseguição / Mas essa voz não se cala! / Virou centenária a nossa canção! / De Donga pra cá / Poetas, bambas, guerreiros / Samba agoniza mas não morre / Teu canto é forte, é brasileiro".

O sol forte, com sensação térmica de 41 graus, não diminuiu a empolgação do folião que acompanhou o bloco, atrás da bateria, pela avenida Vieira Souto, em Ipanema. O Simpatia -- que tem 33 anos de tradição -- sempre reúne mais de 100 mil pessoas e é o primeiro megabloco a desfilar neste Carnaval carioca. Muita cerveja, água e superventiladores borrifando água (novidade desde Carnaval na orla, mimo patrocinado por um banco federal) foram indispensáveis para os foliões que acompanharam o desfile pela avenida.

Clima de pegação

18.fev.2017 - Os amigos Marcos Mendonça e Lycio Diniz, fantasiados de galo de briga - Douglas Shineidr/UOL - Douglas Shineidr/UOL
Marcos Mendonça e Lycio Diniz: galos de briga que só querem mesmo é azaração
Imagem: Douglas Shineidr/UOL
Muitos foliões queriam aproveitar o bloco para beijar muito na boca. Caso dos amigos Marcos Mendonça e Lycio Diniz, fantasiados de galo de briga. "Mas não estamos aqui para brigar, não. Viemos para azarar muito as meninas", explicou Lycio, solteiro. As universitárias Luane Castilho, Caroline Souza e Natália Fendler estavam caracterizadas como policiais sensuais. "Se for necessário, quero prender muita gente. Nosso alvo é nos divertir. E rola muita pegação, claro, já que estamos todas solteiríssimas", contou Caroline.

18.fev.2017 - Luane Castilho, Caroline Souza e Natália Fendler, no Simpatia É Quase Amor - Douglas Shineidr/UOL - Douglas Shineidr/UOL
Luane Castilho, Caroline Souza e Natália Fendler, no Simpatia É Quase Amor
Imagem: Douglas Shineidr/UOL
Cinco amigos de São Gonçalo, na região Metropolitana do Rio, aproveitam o funk do momento, "Deu Onda", do MC G15 (aquele do polêmico refrão "Meu pai te ama", para fazer graça com a frase em cinto idiomas! "Estamos ainda no clima da Olimpíada e imprimimos a frase em português, inglês, espanhol, francês e alemão para chegar nosso clima de pegação também entre as turistas estrangeiras, para juntar todos os países no Carnaval do Rio, o melhor do mundo!", justificou o universitário Matheus Amaral, de 24 anos.

Já as amigas Lita Santos e Raquel Custódio capricharam nas fantasias de coelhinha e sereia, respectivamente, mas não estavam muito dispostas a encarar a pegação de Carnaval. "Quero mais é curtir o bloco. Sou muito exigente e não fico com qualquer um. Gosto de um bom papo e aqui não dá mesmo. Aqui para mim é zero pegação. Vai ver por isso que estou encalhada", desabafou a professora Lita. "Arrumar um peixão aqui é muito difícil, com esse mar de gente bêbada", lamentou a médica Raquel.

O Simpatia começou com uma hora de atraso e abriu seu desfile, ainda na concentração, cantando o Hino Nacional em ritmo de samba, seguido por alguns sambas-enredos famosos da Mangueira, por exemplo, antes de cantar o seu, "O centenário do samba".