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"Cenário de guerra", diz videomaker que acompanhou Luisa Mell no Pantanal

Jacaré é fotografado boiando em rio do Pantanal, região devastada pelas queimadas - Rafael Visentainer/Arquivo Pessoal
Jacaré é fotografado boiando em rio do Pantanal, região devastada pelas queimadas Imagem: Rafael Visentainer/Arquivo Pessoal

Lucas Tieppo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/09/2020 04h00Atualizada em 22/09/2020 18h20

Resumo da notícia

  • Videomaker passou quatro dias em expedição com Luisa Mell no Pantanal
  • Profissional relatou "cenário de guerra" ao chegar à região devastada pelas queimadas
  • Efeitos da fumaça já foram sentidos em Cuiabá, capital do Mato Grosso
  • Videomaker também fotografou animais mortos por consequência do fogo

Atenção: Este conteúdo contém imagens fortes

O videomaker e produtor de conteúdo Rafael Visentainer passou quatro dias ao lado da ativista Luisa Mell no Pantanal para acompanhar as graves consequências da onda de queimadas em um dos biomas mais importantes do mundo. Durante a estadia, ele pôde constatar a realidade de quem enfrenta o fogo com pouca estrutura e falta de apoio na maior queimada da história da região.

O MOV, produtora de vídeos do UOL, também acompanhou Luisa para produzir conteúdo para a segunda temporada do reality show "Livre Acesso com Luisa Mell" que será lançada em outubro.

Visentainer conta que logo já ao desembarcar em Cuiabá, capital do Mato Grosso, foi impactado com a fumaça e o cheiro forte das queimadas e não conseguiu dormir na primeira noite.

"Em Cuiabá já não conseguia ver o horizonte. Às 2h da manhã eu acordei com o cheiro da fumaça e não consegui dormir mais", contou.

O videomaker acompanhou Luisa por várias cidades da região com o intuito de registrar o estrago feito pelas queimadas, que já destruíram quase 20% de todo o bioma.

Cenário de guerra

Visentainer percorreu o trajeto sempre de carro ou barco e conseguiu ver de perto a realidade do Pantanal. Eles passaram por Poconé, Cáceres e Porto Jofre.

"Foram os dias mais intensos que já vivi. Quase não dormimos, acordava antes do sol nascer e dormia de madrugada. As distâncias são muito grandes e sofremos com a falta de comunicação. Não tinha sinal de celular, Wi Fi, a gente ficava praticamente sem se comunicar", lembrou.

Foi a primeira visita do videomaker na região e logo de cara ele conseguiu visualizar a destruição que tomou boa parte do local.

"É um cenário de guerra, você vê a destruição de perto. É muito triste. Você anda e vê animais mortos, vê uma fêmea ao lado de um filhote mortos um do lado do outro. Vi uma jaguatirica morta próxima da mãe. A sensação é estar em um cenário de guerra", contou.

Impacto do alto

"Quando subia o drone para gravar eu consegui ver e comparar alguns pontos que não estavam queimados e a imensidão toda queimada. Foi aí que entendi que era para ser tudo verde. Isso foi impactante e triste", afirmou.

O grupo de pessoas percorreu a Transpantaneira em busca de animais que poderiam ser salvos e para prestar auxílio a quem atua na linha de frente na tentativa de impedir que a destruição causada pelo fogo seja ainda maior. Visentainer elenca as cenas que mais impactaram.

"Fomos em uma fazenda que foi completamente queimada. Não tinha nada verde. Tinha muita fumaça, muitos animais mortos. Muitos animais morriam por asfixia, era bem triste. Vi um jacaré boiando no rio e foi muito triste. Passou dias boiando. Vi jaguatirica morta, muito gado morto. Vi um lago que secou e os peixes estavam mortos", lembrou o fotógrafo.

"A ganância assusta"

Visentainer também conta que sentiu um certo conformismo de muitas pessoas que vivem no Pantanal. Para ele, os moradores não entenderam ainda a proporção da queimada que tomou conta da região neste ano e que a ganância de quem usa o fogo para limpar a região causa revolta.

"A ganância humana impacta mais. Entender que isso tudo está acontecendo e nada é feito. Muito está sendo omitido, muitos estão fingindo que não está acontecendo nada. Isso me choca. Isso tudo é muito triste. A queimada faz parte da cultura deles. O cara quer limpar o terreno e bota fogo. Mas esse ano as coisas estão fugindo do controle", relatou.

Por outro lado, o profissional relata que muitas pessoas querem ajudar na busca por animais vivos e feridos ou na luta contra o fogo. "Muitas pessoas estão indignadas, querem ajudar, mas não sabem como", finalizou.

Durante a expedição o grupo identificou diversos animais feridos que agora serão acompanhados por veterinários enviados com a ajuda de Luisa Mell.

MOV no Pantanal

Além da produção de conteúdo para as redes sociais da própria Luisa Mell, a expedição no Pantanal será mostrada na segunda temporada do reality show que segue a vida da ativista, o "Livre Acesso com Luisa Mell".

Uma equipe do MOV, produtora de vídeos do UOL, formada por Laís Andrecioli, produtora e diretora da primeira e segunda temporada do reality, e Fabrício Costa, diretor de Fotografia da produção e com vasta experiência em grandes coberturas, seguiram Luisa durante os quadro dias na região.

A segunda temporada do "Livre Acesso com Luisa Mell" está sendo gravado e os dois primeiros episódios contarão os desafios da expedição ao Pantanal durante as queimadas que assolam a região.

Confira o depoimento de Fabrício:

Estar no Pantanal para mim em um momento como este foi uma mistura de sentimentos, alegria, tristeza e revolta. Assim que chegamos, eu fiquei em êxtase com a biodiversidade. Neste momento não tínhamos presenciado a destruição pelo fogo. A medida que avançávamos pela Transpantaneira, a alegria de estar em um lugar que sempre quis conhecer foi dando lugar à tristeza e revolta. Eu não podia acreditar que lugares antes verdes e cheios de vida tinham se transformado em desertos. Ver toda aquela vida destruída e áreas que, segundo os biólogos, jamais vão se recuperar foi de cortar o coração. Não queria estar ali naquela situação, mas como jornalistas e documentaristas temos a obrigação de transmitir os fatos. Mesmo com a garra e a vontade de fazer algo, a sensação era de impotência. Não ver a presença do estado e de outros órgãos do governo de forma intensa foi revoltante, ao mesmo tempo víamos a força de vontade de pequenas entidades e moradores lutando como podiam. Os rostos da luta contra este desastre são de indivíduos que arriscam as próprias vidas para salvar outras, é isso nos enche de esperança. Espero voltar algum dia e aproveitar o Pantanal como ele deve ser.

Você encontra a primeira temporada completa no Facebook do UOL!