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"Chegar ao fundo do poço é importante", diz cantora revelação Duda Beat

A pernambucana Duda Beat em ensaio durante show em Nova York. Agora, ela se prepara para um turnê pela Europa - Reprodução/Instagram
A pernambucana Duda Beat em ensaio durante show em Nova York. Agora, ela se prepara para um turnê pela Europa Imagem: Reprodução/Instagram

Marcos Candido

De Universa

22/09/2019 04h00

Duda Beat diz ter escolhido cantar sobre frustrações que as pessoas fingem esquecer ou preferem esconder. Para isso, a cantora recifense expôs as próprias frustrações amorosas, o relacionamento abusivo e a baixa autoestima para se tornar uma das principais revelações da música brasileira nos últimos meses. "Em uma era de redes sociais, parece que ninguém sofre. Demonstrar tristeza é um ato de coragem", diz para Universa.

Mesclando a melancolia de um pé na bunda com a animação de ritmos como pop, tecnobrega e dub, Duda emplacou canções como "Bixinho", hit com 9 milhões de reproduções no Spotify e 4 milhões no YouTube. Com a faixa "Deixa eu te amar", foi parar na trilha da atual novela das sete da Globo. Na sexta (20), Duda também surgiu como uma das principais convidadas no "Acústico MTV" de Tiago Iorc —apresentação e álbum eram aguardados pelos fãs após um hiato de cerca de dois anos do cantor. Em 2018, Duda foi eleita como revelação do ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Também virou lançadora de tendência. O visual de Duda é assinado pelo stylist Leandro Portos, que combina vestidos volumosos com bufantes coloridos bem marcados nos ombros, por vezes combinados a daddy sneakers para subir aos palcos, por vezes usados com sapatos que a aproximam a um ar mais vintage em editoriais de moda.

Duda Beat participa de "Acústivo MTV" Tiago Iorc - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Duda Beat participa de "Acústivo MTV" Tiago Iorc
Imagem: Reprodução/Instagram

A jornada autobiográfica que deu origem a este estilo e ao álbum de estreia, "Sinto Muito", não foi fácil para Eduarda Bittencourt, 31. "Tive problemas de autoestima na adolescência e quando me tornei adulta. Me achava gorda", diz. Nos relacionamentos, parecia não ter sorte. Namorou um músico durante cinco anos, mas precisou de terapia para tratar um quadro de depressão quando o relacionamento conturbado chegou ao fim.

"Os problemas refletiam em tudo, inclusive na parte profissional", diz. Por sete anos, Duda tentou ingressar no curso de medicina. Tinha saído de Recife aos 18 para morar com uma tia no Rio de Janeiro e fazer o curso pré-vestibular só com esse objetivo. Como as coisas não se ajeitavam como ela havia planejado, decidiu se arriscar.

Escute

Em 2013, usou a nota do Enem para cursar ciência política na Unirio. Gostou. Por indicação de uma amiga, no segundo ano de curso, fez um retiro Vipassana, em que os participantes praticam meditação e ficam dez dias em silêncio, em São Paulo.

"O retiro foi fundamental. Eu precisava limpar as minhas energias naquele mundo e a partir desse retiro eu decidi que iria fazer um disco e seria cantora. O retiro, na minha vida, foi fundamental. Foi onde limpei minha mente e queria isso para a minha vida", diz.

Assim que retornou ao Rio, começou a compor e reencontrou Tomas Tróia, produtor musical que conhecera ainda na adolescência, quando viajava a passeio à cidade. Os dois pensaram juntos a sonoridade que embala as letras de Duda. Além disso, se apaixonaram. Há cerca de um ano, moram juntos. No ano passado, Duda se formou em ciência política.

"Eu jamais ia imaginar que me sentiria à vontade em um palco", diz sobre a nova fase. Neste ano, cantou no Lollapalooza e no Coala Festival. Agora, prepara-se para uma turnê pela Europa. "Chegar ao fundo do poço é importante. Te dá vontade de mudar, de seguir em frente e ser uma nova pessoa".