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Claro, Vivo e Tim vencem em faixa do 5G mais concorrida; saiba como foi

Bruna Souza Cruz, Letícia Naísa e Lucas Carvalho

De Tilt, em São Paulo

04/11/2021 12h07Atualizada em 04/11/2021 21h45

As operadoras Claro, Vivo e Tim arremataram, cada uma, um lote da faixa nacional de 3,5 GHz (gigahertz) —a mais concorrida do 5G no Brasil. A decisão ocorreu durante a primeira etapa do leilão da tecnologia, iniciada nesta quinta-feira (4). O processo será concluído amanhã (5), a partir das 9h (horário de Brasília).

A internet 5G, que permite internet 20 vezes mais rápida do que o 4G, está prevista para funcionar comercialmente a partir de 2022.

As faixas de frequências leiloadas, em blocos nacionais e regionais, funcionam como uma espécie de pista na estrada por onde o 5G funciona. Confira a seguir como foi o leilão até aqui:

Faixa de maior cobertura no Brasil

A startup de São Paulo Winity II, que trabalha com conexões sem fio entre máquinas para empresas, levou o primeiro lote da faixa de 700 MHz (megahertz) por R$ 1,4 bilhão. O lance mínimo era de R$ 157,6 milhões.

A faixa 700 MHz, que já é parcialmente ocupada pelo 4G, tem abrangência nacional e permite levar o 5G para áreas mais isoladas.

O edital exige que a empresa, em contrapartida, use essa faixa para levar internet a 31 mil km de rodovias e 625 localidades que ainda não contam com 4G.

"A faixa é importante para complementar a rede de 3,5 GHz, principalmente em roaming", explica Fabro Steibel, diretor executivo do ITS Rio.

5G para os consumidores

A faixa de 3,5 GHz foi a mais concorrida porque é a mais usada no mundo e oferece internet de quinta geração diretamente para o consumidor final. Foram leiloados quatro lotes dentro dessa frequência.

A Claro venceu o primeiro — chamado de B1 — com uma oferta de R$ 338 milhões. Em seguida, a Vivo levou o segundo (B2), por R$ 420 milhões.

No terceiro lote, apenas a Tim apresentou proposta, de R$ 351 milhões. O lote B4 não recebeu nenhuma proposta.

Resumo:

  • Lote B1: Claro, por R$ 338 milhões
  • Lote B2: Vivo, por R$ 420 milhões
  • Lote B3: TIM, por R$ 351 milhões

5G regional

Na sequência, a Anatel abriu os envelopes com as propostas para os lotes do tipo C, que também são da faixa de 3,5 GHz, mas de alcance regional.

O primeiro lote leiloado (C1), da região Norte do Brasil, não foi arrematado. Vivo e Tim apresentaram propostas, mas, como já levaram outros lotes nacionais, ficaram de fora. As demais empresas não apresentaram interesse em arrematá-lo.

Por conta disso, o lote C3, segundo as regras do edital, não entrou como parte da disputa.

O segundo (C2) é igual ao primeiro, mas para a região Norte e para o Estado de São Paulo (salvo exceções). As propostas de preço apresentadas para ele foram de R$ 77,7 milhões (NK 108), R$ 72,1 milhões (Sercomtel) e R$ 10,3 milhões (Meganet).

Alguns minutos depois, a Sercomtel apresentou uma contraproposta de R$ 82 milhões e venceu a disputa.

A empresa Brisanet saiu vencedora do lote C4 por R$ 1,25 bilhão, e com isso, poderá oferecer 5G na região Nordeste do país. A Meganet, que foi a outra participante do certame, disputou com proposta de R$ 9 milhões, um valor bem abaixo do que a concorrente.

O lote C5, referente à região Centro-Oeste, para municípios com menos de 30 mil habitantes foi arrematado também pela Brisanet, que ofereceu R$ 105 milhões, contra R$ 80 milhões da Cloud2You.

Já o C6, referente à região Sul do Brasil, foi disputado pelas companhias Meganet e Conexão 5G Sul. Depois de 15 lances no total a segunda levou por um montante de por R$ 73,6 milhões.

O lote C7 foi arrematado por R$ 405,1 milhões pela empresa Cloud2You. Ela poderá oferecer o 5G em municípios com menos de 30 mil habitantes nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais.

O lote C8 envolve a região do sul de Minas, um pedaço do estado do Mato Grosso e uma parte do Estado de São Paulo. A vencedora foi Algar Telecom, que apresentou proposta de R$ 2,35 milhões. Ela deverá levar fibra óptica para os municípios abrangentes em sua faixa.

Confira abaixo um resumo de como ficou:

  • Lote C2 (Região Norte + SP): Sercomtel, por R$ 82 milhões
  • Lote C4 (Região Nordeste): Brisanet, por R$ 1,25 bilhão
  • Lote C5 (Região Centro-Oeste): Brisanet, por R$ 105 milhões
  • Lote C6 (Região Sul): Consórcio 5G Sul, por R$ 73,6 milhões
  • Lote C7 (RJ+ES+MG): Cloud2U, por R$ 405,1 milhões
  • Lote C8 (MG+MT+SP): Algar Telecom, por R$ 2,35 milhões

Leilão dos lotes do tipo D

Os lotes do tipo D abrange a faixa de frequência de 3,5 GHz, mas com um diâmetro de espectro menor (20 MHz).

  • D33: Claro, por R$ 80,3 milhões
  • D34: TIM, por R$ 80,3 milhões
  • D35: Vivo, por R$ 80,3 milhões

Faixa de 2,3 GHz

Nesse "caminho" do 5G, a infraestrutura deverá ser focada em ampliar a tecnologia 4G e, futuramente, ser usada para a internet de quinta geração.

Isso precisará ser realizado em áreas urbanas de cidades com menos de 30 mil habitantes — e regiões específicas, como prevê o edital.

Entre os vencedores, ficou:

  • Lote E1 (Região Norte): Claro, por R$ 72 milhões
  • Lote E3 (São Paulo): Claro, por R$ 750 milhões
  • Lote E4 (Região Nordeste): Brisanet, por R$ 111,3 milhões
  • Lote E5 (Região Centro-Oeste): Claro, por R$ 150 milhões
  • Lote E6 (Região Sul): Claro, por R$ 210 milhões
  • Lote E7 (Região Sudeste, menos SP): Vivo, por R$ 176,4 milhões
  • Lote E8 (Partes de MG, áreas da Algar): Claro, por R$ 32 milhões

Uma parte dessa faixa ainda foi destinada para a oferta de serviços regionais em áreas isoladas. As vencedoras foram:

  • Lote F1 (Região Norte): Vivo, por R$ 29 milhões
  • Lote F3 (São Paulo): Vivo, por R$ 231 milhões
  • Lote F5: (Região Centro-Oeste): Vivo, por R$ 30 milhões
  • Lote F6 (Região Sul): Tim, por R$ 94,5 milhões
  • Lote F7 (Sudeste, exceto SP): Tim, por R$ 450 milhões
  • Lote F8 (Interior de MG, MT, GO e SP): Algar, por R$ 57 milhões

Quem são as empresas e consórcios participantes

Existem dois perfis de participantes do leilão. De um lado, estão as operadoras de internet de grande porte, que brigaram pelas frequências de 5G mais elevadas, que garantem velocidade maior de conexão.

Do outro, empresas e provedores regionais, mais interessados em frequências menores, de velocidade mais baixa, mas que permitem cobrir grandes áreas.

Grupo 1: as grandes

No primeiro grupo, estão a Vivo (marca da Telefônica Brasil), a Tim e a Claro, as três maiores operadoras de telefonia do Brasil.

Nessa lista, também se destaca a mineira Algar Telecom e a paranaense Sercomtel, que já oferecem serviços de internet. A empresa com sede em Londrina recebeu neste ano autorização da Anatel para operar em todo o Brasil, e a Algar atua fortemente na região central do país.

Grupo dois: consórcios e pequenos

A Winity Telecom pertence ao grupo Patria, um fundo de investimentos com escritórios em múltiplos países. Ela trabalha com estrutura de comunicação sem fio para empresas, assim como a BR.Digital Telecom, do Rio Grande do Sul.

Também do sul vem o Consórcio 5G, uma união entre a Copel (Companhia Paranaense de Energia) e a Unifique, de Santa Catarina, ambas atuantes no ramo das telecomunicações.

Já a VDF também trabalha com estrutura de comunicação sem fio e faz parte do grupo Datora, especializado em internet das coisas (vários eletrônicos conectados ao mesmo tempo) e comunicação entre máquinas.

Há ainda operadoras de internet menores, como a FlyLink, de Uberlândia (MG), e outras novatas, como a Neko, que, embora criada por profissionais experientes na área, surgiu em 2021.

No Nordeste, há duas empresas interessadas na disputa do mercado de 5G.

A primeira é a Brisanet, criada há 22 anos e que atua com serviços de internet e TV em cidades da região. Segundo a companhia, ela tem mais de 14,4 mil quilômetros de infraestrutura de backbone, atendendo Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

A segunda é a Highline, representada pela NK108. A empresa finalizou no início deste ano o processo de aquisição de torres móveis de sinal da Oi, operadora em recuperação judicial.

*Com informações de Aurélio Araújo

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