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Estudo com 10 mil tumores encontra 'pontos fracos' comuns do câncer

Célula de câncer - Marcin Klapczynski/Getty Images/iStockphoto
Célula de câncer Imagem: Marcin Klapczynski/Getty Images/iStockphoto

Felipe Oliveira

Colaboração para Tilt

04/02/2021 18h40

Sem tempo, irmão

  • Análise de mais de 10 mil tumores revelou pontos fracos da doença
  • Estudo mostrou que maioria dos tumores podem ser classificados em apenas 112 subtipos
  • Descoberta pode guiar os cientistas na seleção de remédios mais eficazes

Um estudo realizado por especialistas da Universidade de Columbia utilizando um grande volume de dados (big data) identificou importantes vulnerabilidades do câncer. Foram analisados mais de 10 mil tumores entre os cânceres mais comuns.

O levantamento, realizado em parceria entre o Instituto de Investigação Biomédica de Bellvitge e o Instituto Catalão de Oncologia, foi publicado em janeiro deste ano na revista Cell.

Os pesquisadores descobriram que, independentemente da origem do câncer, os tumores poderiam ser estratificados em apenas 112 subtipos e que, dentro de cada subtipo, as proteínas reguladoras-mestre que controlam o estado de transcrição do câncer eram virtualmente idênticas, independentemente das mutações genéticas específicas do paciente.

A tecnologia foi essencial para a realização do novo estudo. Com um grande volume de dados (big data) em mãos, os cientistas analisaram 10 mil tumores entre os 20 cânceres mais comuns.

A pesquisa identificou que os 112 subtipos de tumor podem ser classificados com base no grau de ativação ou inativação de apenas 24 grupos de proteínas regulatórias, ou seja, a combinação de 24 características fundamentais do câncer.

A análise apontou que os programas genéticos essenciais para manter a sobrevivência das células cancerosas são controlados mecanicamente por 24 módulos, chamados de blocos de MR, cada um compreendendo apenas um punhado de proteínas trabalhando em sintonia.

Segundo a Dra. Andrea Califano, chefe do Departamento de Biologia de Sistemas da Universidade de Columbia e líder do estudo, atualmente a medicina tenta identificar "qual entre milhares de possíveis mutações genéticas ou padrões mutacionais pode ter desencadeado a doença de um indivíduo".

A partir dessa identificação, a ciência espera conseguir medicamentos que possam ter como alvo as proteínas relacionadas à doença. O novo estudo sugere que, em vez de exigir drogas que visem cada mutação, "podemos precisar apenas de algumas dezenas de drogas diferentes que podem ter como alvo os Blocos MR", explica Califano.

Como o estudo identificou os módulos que são ativos no câncer de cada indivíduo, a descoberta pode guiar os cientistas na seleção da droga para tratar especificamente cada paciente.

De acordo com o site EurekAlert!, essa hipótese já está sendo testada em uma série de ensaios clínicos, incluindo em câncer de mama, câncer de pâncreas e tumores neuroendócrinos em um programa de larga escala. A intenção é avaliar o valor de genômicos, imunoterapêuticos, e tratamentos baseados em reguladores-mestre em 3.000 pacientes com oito tipos de tumor agressivos.