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Conheça o Signal, app que cresce como alternativa ao WhatsApp e Telegram

Reprodução Instagram/@signal_app
Imagem: Reprodução Instagram/@signal_app

Nicole D'Almeida *

Colaboração para Tilt

13/01/2021 18h16

Nos últimos dias, o WhatsApp passou a divulgar a sua nova política de privacidade na qual obriga o usuário a compartilhar dados pessoais com o Facebook, dono do aplicativo de mensagens desde 2014. Caso não concorde com a nova regra, o usuário é convidado a desativar a conta.

Essa mudança tem causado um grande rebuliço no mundo todo, fazendo que a busca por outras alternativas de aplicativos de conversas aumente. De acordo com a Sensor Tower, empresa de análise, o Signal já foi baixado 8,8 milhões de vezes após o anúncio do WhatsApp. Já o Telegram chegou a 11 milhões.

Apesar de ambos aplicativos estarem em foco no momento, a Apex (Agência Brasileira de promoção de Exportação e Investimentos) informou aos seus funcionários que os grupos de trabalho do WhatsApp serão migrados para o Signal.

Políticos de direita e aliados de Donald Trump têm divulgado o aplicativo de mensagens acusando o Facebook de censura. Elon Musk, dono da Tesla, também sugeriu em seu Twitter para todos usarem o Signal —ele diz ajudar a empresa com doações.

A ferramenta também é usada por Edward Snowden, ex-analista de sistemas da CIA, famoso após tornar públicos detalhes sobre programas de vigilância do governo dos Estados Unidos. Procuradores brasileiros e deputados também recorreram ao app em 2019, após vazamentos de conversas de integrantes da Operação Lava Jato.

Até um dos criadores do WhatsApp é fã do Signal. Brian Acton deixou sua criação para trás há três anos e se tornou presidente do conselho administrativo da fundação que é dona do Signal. "Meu desejo é dar às pessoas uma escolha", disse ele ao Techcrunch. "Caso contrário, você está preso em algo onde não tem escolha."

Mas como o Signal funciona? Tilt testou o app, que foi criado por um grupo de desenvolvedores de software e é mantido por uma organização sem fins lucrativos.

Antes de começar, saiba que o Signal tem código aberto, ou seja, permite que o sistema de segurança seja testado por auditorias externas e independentes —algo elogiado por especialistas. Além disto, é totalmente criptografado. E o melhor: gratuito —embora o funcionamento do app seja mantido por doações.

Prazer, Signal!

De cara, logo após baixá-lo, o aviso que chama atenção é: "A privacidade sempre com você. Para que você seja livre em todas as mensagens.". E parece que o Signal julga essa questão com bastante seriedade, já que na primeira linha dos seus termos de serviço o app diz ser "projetado para nunca coletar ou armazenar informações confidenciais" e garante que "suas mensagens não podem ser acessadas".

Bem, após isto, vêm os pedidos de praxe: permissão para acessar contatos, mídia e afins. Depois, surge um campo de preenchimento do número do telefone, para que o código seja enviado. Tudo normal.

Aí, é pedido para que um nome de usuário seja criado, com o aviso de segurança mais uma vez: "O perfil é criptografado de ponta a ponta.".

Feito isso, é solicitado a criação de um PIN com a informação de que "O PIN mantém as informações salvas no Signal criptografadas, para que somente você possa acessá-las." O PIN pode ser usado para recuperar o perfil, configurações, contatos e informações de quem está bloqueado, caso o usuário perca ou troque de aparelho.

A partir daí, é só clicar no lápis (canto inferior direito) para ver quais dos seus contatos já instalaram a ferramenta.

Chegou a hora de conversar!

O campo de mensagens é simples e tem um formato bastante conhecido pelos brasileiros. Na barra de escrever, há figurinhas, opção para mandar fotos e áudios e um botão de +. Nele, é possível enviar arquivos que estão no seu celular, como imagens da galeria, contatos e até GIFs. A localização também pode ser compartilhada com seu amigo.

Na parte de cima, ao lado do nome do contato, há um ícone de telefone e um ícone de câmera filmadora.

Quer criar um grupo? É só ir na tela inicial do app e clicar no lápis (no canto inferior). Aí, basta ir em "Novo Grupo". Agora, é acrescentar os amigos e dar nome. Validando (clicar em "Criar" no canto superior direito), você já consegue enviar mensagens.

O padrão de mensagens é parecido com o de rivais, com o texto, horário da mensagem e uma espécie de confirmação de leitura (quando o "check" fica branco, significa que seu amigo leu o que você escreveu). Também há a opção para "responder" determinada mensagem, função que é bem conhecida do WhatsApp.

Além disso, é possível reagir com emojis a uma mensagem, assim como no Messenger. Basta clicar e segurar por alguns segundos a mensagem desejada.

Segurança, segurança e segurança

Um recurso do app que chamou a atenção foi o "mensagens efêmeras". Funciona assim: dentro de uma conversa, você pode ativar a opção clicando no nome do contato. Aí, é só ativar a opção "mensagens efêmeras" e definir o tempo de duração dos textos —que vão de cinco segundos até uma semana. Depois deste período, o conteúdo é apagado pelo próprio Signal.

O "mensagens efêmeras" é semelhante ao mesmo recurso no Telegram; o tempo é contado a partir do momento que a mensagem é vista.

Outro recurso do Signal está no campo "Ver número de segurança", clicando no nome do contato. Lá, o app informa que "se você desejar verificar a segurança da sua criptografia ponta-a-ponta com este contato, compare os números acima com aqueles no aparelho dessa pessoa". Se o número de segurança tiver sido marcado como verificado (clicando em ), qualquer alteração deve ser aprovada manualmente antes de enviar uma mensagem.

Ninguém vai saber nada sobre mim?

Calma, não é exatamente assim.

Como sabemos, nada no mundo dos apps é 100% "livre". O Signal deixa claro que a criptografia impede que ninguém, além de você e seus amigos, lerá suas mensagens. Mas cita em seus termos de uso em quais situações pode compartilhar alguns dados, como seus contatos e informações da conta. Aqui está:

  • Para atender a qualquer lei aplicável, regulamento, processo legal ou solicitação governamental aplicável.
  • Para impor os Termos aplicáveis, incluindo a investigação de possíveis violações.
  • Detectar, impedir ou solucionar problemas de fraude, segurança ou problemas técnicos.
  • Proteger a propriedade ou segurança da Signal, nossos usuários ou o público conforme exigido ou permitido por lei.

É importante reforçar que, apesar de toda a criptografia e recursos, não há garantias de que o Signal seja 100% à prova de vazamentos. Lembre-se que o WhatsApp e Telegram também são bem protegidos, e os procuradores da Lava Jato tiveram suas conversas de Telegram vazadas de alguma forma, seja por um interceptador externo, vazamento deliberado ou brecha de privacidade dos envolvidos. Afinal, tecnologias são seguras à medida que seus usuários também as usam de forma segura.

É importante reforçar que, apesar de toda a criptografia e recursos, não há garantias de que o Signal seja 100% à prova de vazamentos. Lembre-se que o WhatsApp e Telegram também são bem protegidos, e os procuradores da Lava Jato tiveram suas conversas de Telegram vazadas por hackers. Afinal, tecnologias são seguras à medida que seus usuários também as usam de forma segura.

Privacidade

Para configurar itens de privacidade no Signal, é só clicar no ícone da sua foto (ao lado esquerdo do nome) e ir em "Privacidade". Lá, várias funções são permitidas, como bloqueio de tela, confirmação de leitura e chamadas reencaminhadas (veja foto abaixo).

Para ativar a função escolhida, basta clicar no botão à direita —quando ele fica azul, está em curso, já quando está cinza, está desabilitado.

E o backup, pode?

Depende do seu sistema operacional. Se você usar o Signal em um Android, sim, é possível. Basta seguir alguns passos, explicados pelo próprio suporte do app:

  • Toque no ícone "Perfil" para acessar as configurações do Signal: foto do perfil > Chats e mídia > Backups de chats.
  • Copie a senha de 30 dígitos da esquerda para a direita, de cima para baixo. Você precisará dela para restaurar a partir do backup salvo. Guarde-a em lugar seguro.
  • Confirme que anotou a senha.
  • Selecione "Ativar backups".
  • Você pode verificar se o backup foi ou não concluído com êxito ao verificar a hora do último backup.
  • É possível restaurar seu histórico de mensagens apenas em uma nova instalação do Signal.

Se o seu aparelho é iOS, no entanto, o app diz que é impossível recuperar as mensagens. E para ambas as plataformas, não há a opção de backup em nuvem, como ocorre no WhatsApp e no Telegram.