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Estudo aponta que 70% das crianças mexicanas têm ansiedade por confinamento

10/06/2021 13h33

Cidade do México, 10 jun (EFE).- Especialistas advertiram na última quarta-feira que 70% das crianças que vivem no México têm sintomas de ansiedade devido ao confinamento forçado pela pandemia da Covid-19, enquanto outras desenvolveram dependência de videogames e se isolaram socialmente.

A diretora do Centro de Especialização em Estudos Psicológicos (CEEPI), Claudia Sotelo, declarou em entrevista coletiva que, segundo um estudo realizado pela instituição com 600 famílias no México, foi detectado que crianças e jovens têm afeições mentais e emocionais devido à pandemia.

"O confinamento causou isolamento, eles pararam atividades que lhes permitiram socializar, as crianças se tornaram irritáveis com seus pais, tudo mudou radicalmente", destacou a diretora.

Sotelo revelou que há uma estimativa de que sete em cada dez crianças apresentam sintomas de ansiedade e, em muitos casos, ela pode se manifestar em tristeza, irritabilidade e isolamento.

Segundo a ONG Save the Children, antes da pandemia, havia no México cerca de 4 milhões de crianças com ansiedade e tristeza associadas à depressão, número que subiu para 6 milhões por causa das medidas de combate contra o coronavírus. Além disso, de acordo com os pais, entre 50% e 60% da população infantil tinha um aprendizado deficiente, enquanto as taxas de sedentarismo aumentaram.

Sotelo reconheceu que o isolamento tinha algumas vantagens, como uma maior interação entre as crianças e os pais. Entretanto, isso também levou a um claro relaxamento na disciplina, perda de hábitos e uma notável tendência ao uso da tecnologia.

MEDIDAS DE INTERVENÇÃO.

A coordenadora de pesquisa do CEEPI, Susana Salazar, psicoterapeuta de família e adultos, revelou uma série de estratégias de intervenção para integrar as crianças em seus ambientes escolares. Porém, ela alertou ser um processo que requer tempo. É um teste cognitivo-emocional que está disponível para crianças, pais e escolas em todo o país.

"Oferecemos uma série de estratégias de intervenção individualmente (para famílias) e em grupos nas escolas para facilitar a reintegração escolar e acadêmica", destacou Salazar.

As especialistas frisaram a importância de que as crianças trabalhem em seu estado mental e emocional para retornar à escola - como está acontecendo voluntariamente no México - para que elas possam ter um bom desempenho na escola.

"Se as crianças não estiverem emocionalmente bem, será muito difícil para elas voltar à escola e compensar o que perderam academicamente", destacou Sotelo.

As pesquisadoras também lembraram a importância de lidar com a dor das crianças, especialmente depois desta pandemia, que tirou um membro da família ou pessoa querida de muitos deles, a fim de retomar suas vidas e enfrentar situações adversas no futuro.