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Clapton relata drama após vacina da covid; especialista diz que caso é raro

Eric Clapton relata problemas após vacina da covid - Fred Thornhill/Reuters
Eric Clapton relata problemas após vacina da covid Imagem: Fred Thornhill/Reuters

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/05/2021 20h00

Após receber uma dose da vacina Oxford/AstraZeneca como medida de prevenção da Covid-19, o guitarrista Eric Clapton acabou sofrendo com reações negativas no corpo e escreveu uma carta a um amigo alegando frustração por ter se iludido com as "propagandas que diziam que ele estaria seguro após a vacinação".

Segundo à revista "Rolling Stone", a carta foi enviada ao amigo Robin Monotti e divulgada pelo mesmo, com autorização do guitarrista, num grupo de Telegram com o relato de Clapton ter ficado dez dias com reações 'desastrosas'.

Eu tomei a primeira injeção de AZ e imediatamente tive reações graves que duraram dez dias. Eu finalmente me recuperei e disseram que faltariam doze semanas para o segundo.

O músico ainda relatou que os efeitos contrários do medicamento o fizeram temer nunca mais tocar guitarra por ter visto as mãos e os pés 'congelarem' após receber a primeira dose.

Cerca de seis semanas depois, recebi a oferta e tomei a segunda dose do AZ, mas com um pouco mais de conhecimento dos perigos. Desnecessário dizer que as reações foram desastrosas, minhas mãos e pés estavam congelados, dormentes ou queimando, e praticamente inúteis por duas semanas, eu temi nunca mais tocar, (eu sofro de neuropatia periférica e nunca deveria ter chegado perto da agulha .) Mas a propaganda dizia que a vacina era segura para todos .

O que diz a ciência sobre a vacina Oxford/AstraZeneca?

O Splash/UOL conversou com Renato Kfouri, diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), e esclarece que o efeito adverso apontado por Clapton é extremamente raro de acontecer. "No universo dos milhões de doses que já foram aplicadas no mundo todo, os casos relatados foram poucos", afirmou o especialista.

Segundo ele, a trombose relatada após a aplicação da vacina é diferente da trombose clássica que conhecemos. "A vacina seria como um gatilho para uma doença autoimune, que a pessoa já possui, mas desconhece, e que provoca uma queda no número de plaquetas no sangue, aumentando o risco para o surgimento de trombos", explicou Renato.

Ou seja, enquanto a trombose clássica tem como uma das características a contagem alta no número de plaquetas (o que aumenta o risco de coágulos no organismo), a trombose no caso de quem tomou a vacina tem como característica uma queda no número de plaquetas.

O diretor da SBI ainda reforça que mesmo as pessoas que já tiveram trombose podem tomar a vacina, já que, pela natureza rara e diversa da reação, esses indivíduos não estariam mais predispostos ao problema.

"A segurança das vacinas contra o coronavírus é semelhante às outras vacinas com as quais estamos acostumados", afirma. "Sempre existem riscos, mas os benefícios, o número de mortes que serão evitadas, superam o número de eventos adversos relatados até aqui", acredita.