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Luciana Bugni

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Estudo diz que homem passa mais covid: e qual seria a solução?

Eles tiram a máscara na primeira oportunidade, mesmo que tenham que tirá-la dois minutos depois - VioletaStoimenova/iStock
Eles tiram a máscara na primeira oportunidade, mesmo que tenham que tirá-la dois minutos depois Imagem: VioletaStoimenova/iStock

Colunista do UOL

27/08/2021 04h00

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Já era sabido que os homens são mais vulneráveis à Covid-19. São eles que têm maior suscetibilidade a ter quadros graves da doença e também é mais provável que morram após a infecção. O que comprova são dados científicos após o estudo da situação nesses 17 meses de pandemia.

A novidade de quinta (26) é que eles são também os que mais se infectam. E os que mais transmitem o vírus. É o que diz o estudo feito por pesquisadores do CEGH-CEL (Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco) — um dos CEPIDs (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão) financiados pela FAPESP.

Zero supresa?

A divulgação levantou a discussão nas redes sociais: "Esse estudo impressionou um total de zero mulher", elas diziam nos comentários. Pudera. Tem sido assunto recorrente entre as amigas a dificuldade que os homens têm de colocar a máscara, de higienizar as mãos com frequência e de parar em casa quietos quando os números de casos e mortes estão em alta.

Os motivos nos fazem pensar: por que será que o homem é mais indisciplinado? Por que será que o nariz no homem está sempre fora da máscara? Por que a primeira coisa que o homem faz quando chega em qualquer lugar é arrancar o acessório (geralmente aquele fininho de tecido, que não protege nada) como se tivesse se livrando de uma arma letal (e não o contrário)?

Tenho cá para mim uma teoria: se o homem fosse forçado a usar sutiãs desde os 12 anos de idade, talvez chegasse à idade adulta mais preparado para usar acessórios que possam ser classificados como desconfortáveis.

Imagina só, aquele tecido todo amarrado com elásticos, dando a volta em seus fortes tórax, dando outra volta em seus bem torneados ombros, apertando seus intocáveis mamilos? Faça isso por 12 horas por dia e talvez tenha homens mais preparados para proteger a vida de todos com tecidos e elásticos presos ao rosto.

Podemos ampliar essa aula com saltos altos, com calças justas, com elásticos de cabelo amarrados bem forte no topo da cabeça, arrematados com doloridos grampos. Mulheres são criadas e incentivadas ao desconforto desde muito cedo. E os homens acham isso natural para elas. É comum escutar frases como: "De salto fica mais bonita", "Eu só gosto depilada" e outras pérolas.

De todos esses, máscara (a PFF2, que é a recomendada) é até prazeirosa de usar. Pelo menos tem um motivo nobre: salvar vidas. Deixar o peito empinado parece secundário frente a tal propósito.

Não vou entrar no assunto higiene: é um pouco desolador pensar que a maior parte dos homens urina segurando o órgão sexual e sai do banheiro em seguida como se nada tivesse acontecido, sem passar pela pia. Nem sobre como clamam pelo fim do home office desesperados para saírem de casa — está complicado levar uma loucinha de vez em quando, bem?

A generalização é injusta? Com muito homens, sim. Vários do meu círculo têm se privado de tudo o que gostam para proteger mais gente enquanto esperamos ansiosamente a segunda dose e tememos as notícias das variantes. Mas pelo que ouço de leitoras e seguidoras por aí, a reclamação em geral é essa mesmo sobre companheiros e familiares: eles pegam mais e transmitem mais.

O feminismo existe, entre outras coisas, para criarmos nossos filhos sabendo a importância da higiene e dos cuidados com o outro, por exemplo. Nem precisaria vestir um sutiã neles para que ajam diferente lá na frente.

Você pode discordar de mim no Instagram. Mas use máscara e higienize suas mãos, hein?