Publicidade



Mudanças para melhor

A grande novidade da convocação dos "estrangeiros" para as partidas contra a Bolívia e Venezuela foi o comportamento tranquilo, bem humorado, conciliador com a imprensa e também firme do Felipão. Técnico da seleção não precisa ser seboso, fazedor de média, nem agressivo, autoritário e mal-humorado.

O técnico teve bom senso e não convocou o Ronaldo. Ele precisa jogar bem várias partidas pela Inter de Milão antes de vestir novamente a camisa amarela.

O mérito em todas as convocações do Scolari tem sido manter uma base e trocar pouco, postura tão reclamada pela torcida e imprensa na época do Luxemburgo e do Leão. O problema do atual técnico foi que, em suas primeiras convocações, escolheu vários jogadores que não agradaram.

Aos poucos, Felipão está corrigindo esse erro. Saíram Mauro Silva, Tinga e Júnior e entraram Zé Roberto, Serginho, além do Ronaldinho e, provavelmente, o França. Vampeta e Juan foram titulares no último jogo nos lugares do Eduardo Costa e do Cris. Depois de garantir a classificação, provavelmente Marcelinho Paraíba e Élber também perderão os seus lugares.

Marcelinho Paraíba é um bom jogador, mas atua quase no mesmo espaço do Rivaldo e do Denilson. França é superior ao Élber e deveria ser o substituto do Ronaldo e/ou do Romário.

Zé Roberto é um armador habilidoso e veloz. Ataca e defende. Ricardinho, do Corinthians, e Juninho Pernambucano (ausentes da seleção) têm as mesmas características. No esquema com três zagueiros, não há lugar para volantes típicos, apenas marcadores, estáticos, sem mobilidade e habilidade, como Mauro Silva, Eduardo Costa e outros.

As chances de classificação são enormes. Ela só complica se o Brasil perder para a Bolívia e o Uruguai ganhar o próximo jogo. Aí, a decisão vai para a última partida. Na pior das hipóteses, o quinto lugar está garantido. Nessa situação, o Brasil disputaria a vaga contra a Austrália. Aí talvez fosse melhor fechar as portas, não ir à Copa e recomeçar do zero.

Enquanto a seleção decide a sua vaga nos gramados, aumenta a possibilidade de o presidente da CBF ser substituído antes da Copa, como sugeriu o ministro dos Esportes, Carlos Melles. É inevitável. Só não se sabe quando isso irá acontecer.

É necessário não somente mudar o presidente, mas também todos os outros dirigentes comprometidos com essa política de troca de favores e amadorismo que vigora no futebol.

Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
para ler colunas anteriores, clique aqui.





P.Caro Tostão, você acha realmente que existem "times pequenos"? Por que a imprensa sempre trata vitorias de times como São Caetano, Paraná e Atlético-PR como "zebras"?
Gledson dos Santos


R.Caro Gledson, grande parte da imprensa ainda não percebeu (ou não quer enxergar) que várias equipes fora de Minas, Rio Grande do Sul e, principalmente, do eixo Rio-São Paulo estão no mesmo nível técnico, algumas até melhores do que os principais times desses Estados

P.Prezado Tostão, o São Caetano já é uma realidade. Como você explica esse time sem estrelas, sem grana, sem banco, estar no topo da competição?
Rubens Simões de Lima


R.Caro Rubens, a qualidade individual ainda é o fator mais importante, mas, a cada dia, aumenta a influência do conjunto, da maneira de jogar e outros fatores no resultado das partidas. Como o número de jogadores excepcionais é pequeno no Brasil, o time mais organizado, como o São Caetano, acaba levando vantagem.