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Devagar e sempre

A atuação da seleção brasileira na primeira partida da Copa América, contra o México, foi tão ruim que parecia ter chegado ao fundo do poço. Talvez precisasse descer tanto para atingir uma referência negativa. A partir daí, obrigatoriamente, teria de melhorar. Foi o que aconteceu contra o Peru e mais ainda contra o Paraguai.

O time ainda não agradou, mas jogou o esperado. Nesse momento, não dá para sonhar com belíssimas atuações.

Os três zagueiros e os dois volantes continuaram muito recuados. O novato Juan já é o melhor dos três zagueiros. Cris não tem classe, não sabe passar a bola, mas é muito seguro, o que é mais importante. Roque Júnior continua atabalhoado. Ao contrário do Cris, quer fazer o que não sabe.

Belletti e Júnior novamente jogaram como laterais e não como alas. Esses, são armadores e não laterais que apoiam. No segundo gol contra o Paraguai, Belletti apareceu de centroavante. Precisa fazer isso mais vezes.

O grande problema do time brasileiro continua sendo os volantes. Com três zagueiros, não há necessidade de se atuar com dois marcadores no meio-campo. Pode-se atuar com um volante e dois meias. Emerson e muito menos Eduardo Costa têm habilidade para atacar. Com Juninho Pernambucano, o time melhorou novamente.

Alex continua sendo um craque de poucas jogadas. Faltam velocidade e habilidade ao jogador. Em compensação, tem ampla visão de jogo, passa e finaliza bem. Em todas as partidas, faz gols ou dá passes decisivos. Aparece pouco e faz muito. Juninho Paulista, tão solicitado pela torcida e imprensa, aparece muito e faz pouco.

Denilson entrou no final do primeiro tempo e deu um show de bola. O ataque é sua posição e não o meio-campo, como gostava de atuar. Porém, não se pode tirar conclusões após duas partidas. O jogador deve ser avaliado pela média de suas atuações durante um longo tempo. Está muito cedo para se dizer que o Denilson é a solução para o time titular brasileiro. Precisamos avaliá-lo desde o início do jogo.

Apesar de muito estático na frente, Guilherme mostrou, nas partidas contra Peru e Paraguai, que é muito melhor do que o Élber e o Jardel. É um jogador inteligente, passa e finaliza bem e sabe fazer a função do pivô, na frente, de costas para o gol.

Não se pode esquecer que a seleção está enfrentando fraquíssimas equipes. Ao contrário do Paraguai, o time brasileiro que vai jogar no dia 15, pelas Eliminatórias, está muito próximo do que atua na Copa América. Pode até ser o mesmo, se o Felipão se iludir com as vitórias e o provável título.

Nas Eliminatórias, o time titular do Paraguai será outro. Infinitamente melhor. A equipe tem uma das melhores defesas do mundo. Chilavert, Gamarra, Arce e Ayala são excepcionais jogadores.

Por tudo isso, ainda não dá para se entusiasmar. O importante é a seleção brasileira ir melhorando. Devagar e sempre.
Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Gostaria de saber, Tostão, se há alguma implicância da imprensa ou alguém da CBF com o zagueiro Antônio Carlos, que, na minha opinião, já deveria ter disputado as Copas de 94 e 98.
Leonardo Alvez


R.Leonardo, Antônio Carlos não é nenhum zagueiro excepcional, mas é, na minha opinião, o melhor e mais experiente dos zagueiros brasileiros.

P.Olá, Tostão. Como você conseguiu conciliar medicina e futebol? Faço a pergunta pois no futebol brasileiro o nivel escolar e cultural é muito baixo, ou estou errado?
Juarez Lopes Ferreira da Silva


R.Caro Juarez, eu tive de parar com o meu trabalho médico para dedicar-me ao futebol. Não dá para fazer bem duas coisas totalmente diferentes.