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Protesto dos torcedores

O Brasil ganhou da Colômbia com um gol no último minuto. Não convenceu. Os torcedores, com razão, não queriam só a vitória, mas também o espetáculo.

A revolta, antes do gol salvador, foi um protesto não somente contra a má atuação do time, como contra o futebol.

O torcedor perdeu a paciência. Está descrente com tudo. Não acredita em ninguém. Com razão. O desorganizado futebol brasileiro chegou ao fundo do poço. A culpa é principalmente dos dirigentes, do esquema de troca de favores e da perpetuação de pessoas no comando dos clubes e federações.

É o mesmo esquema que vigora em quase toda a sociedade brasileira. Dá aqui, toma lá. A competência e seriedade ficam em último plano.

Lúcio e Juninho Paulista foram eleitos os melhores do time brasileiro. O jovem zagueiro do Inter é uma esperança. Merecia ter sido titular no Pré-Olímpico. É rápido, alto e antecipa-se bem aos atacantes.

Juninho Paulista corre, dribla, chuta e aparece muito no jogo, mas não tem a eficiência que parece. Faz muita festa, mas resolve pouco.

Os outros jogadores foram discretos ou ruins. Rogério não teve trabalho.

Leão terá de resolver dois grandes problemas: falta de conjunto e um substituto para Romário.

Dá para entrosar, apesar do pouco tempo para treinar. Basta definir um esquema tático, insistir nele e trocar o mínimo possível os jogadores.

Achar um craque na frente é mais difícil. Ronaldo, da Inter, é uma incógnita. Os outros são bons, mas não excepcionais. Ronaldinho, do Grêmio, é o melhor, mas não é definidor como Romário. Quem sabe o Baixinho ainda jogue a Copa?

Se o Brasil não melhorar, dá para classificar, mas não para ganhar o Mundial

Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Gostaria que me respondesse com sinceridade: por que insitir com Rivaldo no meio, se ele não tem qualquer vocação para atuar nesse setor? Não seria melhor tentar colocá-lo como atacante? Ele não renderia mais?
Sérgio Luiz Mattar de Almeida


R.Para mim, a melhor posição do Rivaldo é no ataque, pela meia e ponta-esquerda, como jogou no Barcelona e foi eleito o melhor jogador do mundo. No esquema tático brasileiro não há essa posição. Daí a dificuldade para o técnico e para o jogador. Existe um conceito antigo e atual de que o esquema tático deve se adaptar aos jogadores e não o contrário.


P.Você acha possível Romário e Edmundo conviverem juntos na seleção?
Júlio César Elias Buzi, de São Sebastião-SP


R.Penso que sim. Teoricamente, os dois se completam em campo. Romário joga mais fixo, pelo meio, e Edmundo mais solto, principalmente pelas laterais. É inconcebível não escalar os dois porque não se dão bem. Os jogadores têm que ser amigos em campo. Na Copa de 94, Romário e Bebeto quase não se falavam, mas se entendiam maravilhosamente bem nos gramados.