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O Brasil está na Copa

Foi mais fácil do que esperava. Após tantos elogios, a Venezuela ficou metida à besta e rebolou. A apatia e a péssima marcação facilitaram a vitória da seleção brasileira. Outro fator positivo foi a volta do tradicional esquema tático 4-4-2. O Brasil ganhou mais um jogador no ataque e não fragilizou a defesa.

Não se justifica atuar com três zagueiros, dois laterais e dois volantes, como acontecia. Contra a Bolívia foram três volantes. O time fica muito defensivo. Já que a seleção não sabe atuar corretamente no esquema com três zagueiros, é melhor abandoná-lo e jogar o nosso feijão com arroz.

Um dos erros do Felipão nas eliminatórias foi escalar equipes bastante defensivas nas partidas fora de casa contra Uruguai, Argentina e Bolívia. Perdeu os três jogos. A conduta de se jogar de maneiras diferentes dentro e fora de casa, comum também nos clubes, é ultrapassada e ineficiente.

Outra mudança positiva contra a Venezuela foi a escalação de um centroavante. É básico. Nos jogos anteriores, o Brasil não teve um finalizador próximo da área, com a função também de servir os companheiros.

Luizão é um excelente centroavante. Porém, não se pode achar que ele é a melhor solução, por causa dos dois gols. Nessa partida, qualquer bom atacante teria grandes chances de brilhar. Estava muito fácil.

Além de Luizão, Edílson e Juninho foram os destaques da equipe. Os dois são muito habilidosos e rápidos. Quando encontram espaços e facilidades, deitam e rolam. Contra equipes mais fortes, o Brasil vai precisar de melhores opções. Se o Rivaldo estivesse bem, a goleada seria muito maior.

Não entendi a improvisação do Edmilson no meio-campo. Felipão tinha feito o mesmo contra o Uruguai, quando escalou o Roque Júnior na função de volante. A explicação do treinador, de que Edmilson atuou de zagueiro, na frente e não atrás dos outros dois defensores, não convenceu. Ele jogou no meio-campo. Nessa posição há muitos outros melhores, como o Gilberto Silva. A vitória não anula o erro do técnico.

A vitória e a classificação também não apagam a péssima campanha nas Eliminatórias. Não se pode mudar os conceitos por causa de um bom resultado contra uma fraca equipe. Não podemos nos iludir.

Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Caro Tostão, eu creio que o Brasil ainda tem um dos melhores futebol do mundo e passou por problemas nas eliminatória porque foi a primeira que disputou nesse sistema. O que você acha?
José Luis Soares


R.Caro José, sempre disse que o Brasil tem bons jogadores e que pode formar uma equipe no mesmo nível das melhores que irão à Copa. Porém, falta um grande número de excepcionais jogadores, como já teve em outras épocas. Mas não há uma única seleção no mundo com tantos craques. Basta o Brasil melhorar para se tornar um dos favoritos ao título.

P.Caro Tostão, o que voce acha de uma comissão técnica para a Copa formada por Osvaldo de Oliveira como treinador, Jair Piccerni auxiliar e Carlos Alberto Parreira como diretor técnico, exercendo a mesma função de Zagallo em 94?
Antonio Carlos


R.Rogério, seria ideal a presença de dois treinadores para decidir a convocação, escalação, o planejamento técnico e tático. Um deles seria o responsável pelas decisões no túnel. Sei que na prática isso é muito difícil. Dos novos técnicos, o mais promissor e inovador é o Tite, treinador do Grêmio. Ele e o Parreira poderiam fazer uma boa dupla, apesar de adotarem esquemas táticos bem diferentes em suas equipes.