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Solução coletiva

Garrincha, Maradona, Romário e Zidane não ganharam sozinhos as Copas de 62, 86, 94 e 98, como dizem. Eles deram show, foram geniais, os principais jogadores de suas seleções, mas atuaram em equipes muito organizadas e tiveram excelentes companheiros.

O mesmo aconteceu com grandes jogadores que ficaram na história de alguns clubes brasileiros, como Pelé, Zico, Falcão, Gerson, Rivelino, Jairzinho, Reinaldo, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, Raí e muitos outros.

Os craques fazem a diferença quando são ajudados por um bom conjunto. Sem isso, não brilham. O Nápoli contratou o Edmundo para salvar a equipe do rebaixamento. Não adiantou. Tive uma experiência parecida quando me transferi para o Vasco. Era um time fraco, desorganizado, onde não pude atuar como no Cruzeiro.

Os times brasileiros vão bem na Libertadores, porque têm bons jogadores para o nível da competição, equipes e tática definidas, o que não acontece com a seleção. Além disso, ainda mais frequente do que no Brasil, os melhores jogadores argentinos, uruguaios e paraguaios atuam fora do país.

O Manchester United, que tem excelentes jogadores, mas não tão bons quanto os de outras equipes mundiais, está sempre ganhando títulos nacionais e internacionais. O time inglês tem um ótimo conjunto e o mesmo técnico a mais de dez anos.

Se colocarem o Figo, Zidane, Veron ou qualquer outro craque mundial na atual seleção brasileira, eles também jogarão mal.

Por isso, e por outras evidências, não convocar jogadores que estão brilhando em seus clubes, mas atuam mal na seleção, é sepultar as esperanças de se formar uma ótima seleção. Os substitutos, quando jogam, também atuam mal e não são mais raçudos do que os estrangeiros. Não será com jogadores medianos que o Brasil ganhará uma Copa do Mundo.
Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Não seria melhor formar uma seleção com jogadores que atuam aqui e passar um bom período treinando juntos?
Glauco Salatino


R.No Brasil, não há tantos bons jogadores para se formar uma ótima seleção. A única solução é fazer com que os jogadores estrangeiros, que continuam brilhando em seus clubes, atuem da mesma maneira na seleção. Para que isso aconteça, antes de tudo é preciso definir um time e formar um bom conjunto.

P. Caro Tostão, por que insistir em Romário, um atacante que joga parado e pouco se movimenta? Talvez seja bom no Vasco. Mas, no futebol moderno, de movimentação, de participação, de coletivismo, ele não está ultrapassado?
Marcelo Martins


R.Caro Luiz, o fato do Romário, com 35 anos, ainda ser um destaque no futebol brasileiro mostra como nosso futebol está decadente. Romário joga como um veterano. Em outras épocas, estaria na equipe de master. Como foi tão genial, ainda é melhor do que os outros. A seleção não pode depender dele, nem permitir que ele atue parado, esperando a bola para fazer o gol.