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Os viajantes e o nepotismo

Ronaldo veio da Itália para dizer o que todos sabiam: não tinha condições de atuar contra o Chile. Deu entrevista com o uniforme da seleção, sorriu para todos, despediu-se dos jogadores e do técnico e embarcou para o Rio. Foi cumprir seus compromissos comerciais, sociais e particulares. Talvez tenha sobrado um tempinho para tratar de sua contusão.

Não ficou claro se ele veio devido a exigência da CBF, dos patrocinadores, do médico da seleção brasileira, do seu assessor de imprensa ou apenas porque quis rever a cidade maravilhosa. Certamente o médico e dirigentes da Inter de Milão não gostaram. A viagem atrapalha o tratamento médico.

Há muito tempo Ronaldo é um viajante, um garoto-propaganda, um bom menino, um produto a serviço da fama, dos empresários, políticos e dirigentes de futebol.

Na entrevista em Curitiba, Ronaldo disse: "Esse próprio estiramento comprova que o trabalho realizado permite uma distribuição de esforço perfeita". Nem renomados ortopedistas compreenderam. Ronaldo deve ter decorado essa baboseira por orientação de seus assessores.

Ao mesmo tempo, Rivaldo viajou da Espanha para o Brasil, tratou de sua contusão, voltou para Barcelona, treinou, não jogou, retornou e apresentou-se à seleção depois dos outros jogadores. Mais um viajante.

Enquanto Rivaldo e Ronaldo cruzavam o Atlântico, a seleção brasileira estava à disposição da Federação Paranaense de Futebol e de seu presidente, Onaireves Moura, deputado cassado e parceiro da CBF. Os jogadores reclamaram do gramado do Pinheirão, que pertence à federação.

Enquanto tudo isso acontece, o supervisor da seleção, Antônio Lopes, escala seu filho, Antônio Lopes Júnior, para técnico da seleção sub-16, como informou a "Folha de São Paulo". É o nepotismo no futebol. Um pequeno retrato da vida brasileira.



Tostão escreve no UOL Esporte com exclusividade às quintas-feiras;
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P.Tostão, o técnico da seleção tem de convocar os melhores jogadores do momento? Não é errado convocar jogador apenas pelo seu nome ou pelo passado, como foi o caso de Ronaldo?
Arnaldo V. Carvalho


R.Ronaldo não deveria ter sido convocado porque não tinha condições físicas e técnicas para jogar. Quando estiver em forma, certamente terá o seu lugar. Acho que o Felipão privilegia demais jogadores que conhece e tem confiança. Deixa outros melhores de fora.

P.Tostão, a Argentina vai aposentar a 10 do Maradona. Sem falar no Pelé, nós temos você, o Zico, o Nilton Santos, o Garrincha, o Didi, o Gérson, o Mauro, o Gilmar, o Rivelino, o Junior e tantos outros. Se a gente fosse aposentar a camisa de todo mundo, não haveria camisa que bastasse. Concorda?
Luiz Gonzaga Saraiva


R.Concordo plenamente. Tem muitas outras maneiras de homenagear os grandes jogadores do passado.