Respeitável público

Cartolas e políticos se articulam e discutem volta da torcida mesmo na pandemia; em campo, Atlético-MG lidera

Do UOL, em São Paulo RAUL PEREIRA/Estadão Conteúdo

O Campeonato Brasileiro começou com atraso de três meses por causa da pandemia da covid-19. A doença já matou 137 mil pessoas no Brasil. A taxa de contaminação e mortes pela doença vem caindo na média geral do país, mas ainda está em níveis alarmantes, de acordo com especialistas.

Mesmo assim, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, disse na sexta-feira (18) que permitiria a volta da torcida no estádio do Maracanã para um jogo do Flamengo em outubro —a decisão foi adiada pelo governo do estado do Rio, mas a possibilidade ainda existe. Foi a senha para que dirigentes dos principais clubes do país passarem a discutir, publicamente, o assunto durante o fim de semana. O impasse sobre a presença do público nos estádios movimentou os bastidores da 11ª rodada do torneio.

O que foi discutido, porém, passou mais pela vantagem esportiva que os times do Rio de Janeiro ganhariam com o apoio dos torcedores do que pelo risco que correriam quem aceitasse ir para a arquibancada.

Enquanto o Flamengo se mostra favorável ao retorno de seus torcedores, mesmo que essa liberação se dê apenas no Rio, cartolas de clubes como Atlético-MG, Fortaleza, Grêmio e Santos afirmam que só apoiam o retorno das torcidas se a regra valer para todos os times do campeonato. O Corinthians chegou a ameaçar não entrar em campo, caso o público seja liberado apenas no Rio e não em outras cidades.

Os cartolas, que esperam o retorno da torcida também para aliviar os prejuízos em seu fluxo de caixa, ganharam um aliado inusitado ontem: o governador do Espírito Santo Renato Casagrande anunciou a liberação de até 100 pessoas por jogo em seus estádios. Apesar de não contar com equipes na Série A do Brasileiro, o estado costuma receber partidas de times cariocas em Cariacica, na região metropolitana de Vitória.

RAUL PEREIRA/Estadão Conteúdo

O público deve voltar ao futebol?

O Corinthians só aceita a volta do público aos estádios se todos os times da Série A tiverem a mesma oportunidade, independente do estado ou cidade. Se não forem as mesmas condições pra todos não entraremos em campo.

Andrés Sanchez , presidente do Corinthians

Vai um pouquinho na contramão da essência do futebol a gente não ter público. Desde que tenha segurança. Tendo segurança, tem que ter público. Então, não me furtando da pergunta, acho que o Andrés está errado

Marcos Braz, vice-presidente do Flamengo

A volta do público, mesmo com apenas 30%, deve ocorrer ao mesmo tempo em todas as praças. Caso contrário, certamente causará desequilíbrio. Não acreditamos que a CBF permitirá em apenas algumas praças

José Carlos Peres, presidente do Santos

Sou a favor, de modo controlado, com no máximo 30% da ocupação e no momento em que todas as praças possam jogar. Caso não seja possível, gerando desequilíbrio, sou contra

Romildo Bolzan, presidente do Grêmio

Sou a favor da volta coletiva, em todos os estados. Por coerência, acho que o equilíbrio técnico deve prevalecer em uma competição tão disputada

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza

Reprodução/Redes sociais

Inter acusa torcida "infiltrada" no Castelão

Enquanto não existe definição sobre a volta oficial dos torcedores, a maior polêmica da rodada envolveu justamente a presença de público em um estádio. Alessandro Barcelos, vice-presidente do Internacional, saiu do Castelão protestando após a derrota para o Fortaleza, no sábado. Segundo ele, o estádio recebeu um grupo de cerca de 80 torcedores, que apoiaram o time da casa e pressionaram a arbitragem em momentos decisivos. Uma foto que circulou pela internet mostrou duas pessoas com a camisa do Fortaleza na arquibancada.

"Infelizmente, a arbitragem hoje foi ruim, para não dizer mais. Um jogo sem coordenação maior da CBF. Tinha mais de 80 pessoas nas arquibancadas e isso é inadmissível", afirmou Barcelos.

Procurada, a diretoria do Fortaleza negou que tenha permitido a entrada de torcedores. "O Fortaleza Esporte Clube vem cumprindo com todo o protocolo estabelecido pela CBF em dia de jogos. Reiteramos ainda que seguimos rigorosamente o protocolo do Governo do Estado, além das diretrizes da CBF, com o acompanhamento direto da diretoria responsável."

"A relação com todos que trabalham em dia de jogos é enviada para a CBF e conferida atentamente na checagem que acontece na Arena Castelão para a distribuição dos crachás de acesso."

Foram bem

  • Keno (Atlético-MG)

    Ao fazer três gols na vitória sobre o Atlético-GO, o atacante foi o melhor da rodada. Ele balançou a rede de Jean em cobrança de pênalti e, na sequência, aproveitou um vacilo da defesa para deixar o time visitante em vantagem. Ainda aproveitou um cruzamento de Mariano para marcar de cabeça.

    Imagem: Carlos Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo
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  • Alerrandro (Bragantino)

    Muito ativo no ataque do time de Bragança, Alerrandro foi responsável por um gol e ainda deu uma linda assistência de letra para o gol de Lucas Evangelista, na vitória sobre o Ceará. Além disso, chutou uma bola na trave, abriu espaços para os companheiros chegarem de trás e pelas pontas e mostrou-se uma presença incômoda para a defesa do time cearense.

    Imagem: Diogo Reis/AGIF
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Foram mal

  • Nonato (Internacional)

    O volante entrou no lugar de Patrick, ainda no primeiro tempo, e fez jogo discreto. No segundo tempo, errou em lance na frente da área e deu bola para Felipe acertar chutaço e fazer o gol da vitória do Fortaleza no Castelão, que mudou a liderança do Brasileirão.

    Imagem: Ricardo Duarte/Internacional
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  • Pikachu (Vasco)

    O lateral, que já foi goleador no Vasco e ainda não fez nenhum gol neste ano, vacilou o final da partida contra o Coritiba e cometeu um pênalti nos acréscimos da partida. O árbitro do campo não viu, mas o VAR flagrou. Ao converter a cobrança, na segunda tentativa após avanço do goleiro vascaíno, o time paranaense acabou vencendo por 1 a 0.

    Imagem: GettyImages
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  • Egídio (Fluminense)

    O lateral esquerdo fez uma partida muito ruim, e cometeu falhas comprometedoras desde o começo da derrota para o Sport. Deu bote errado, errou passes, lançamentos e cometeu um pênalti infantil.

    Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC
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Carlos Costa/Futura Press/Estadão Conteúdo

Com foco exclusivo no Brasileiro, Atlético-MG começa a se impor

Novo líder do Brasileiro, o Atlético-MG começa a aproveitar uma vantagem inusitada nessa temporada atípica: disputar apenas uma competição. Se o clube não se orgulha das eliminações vexatórias na Copa do Brasil (para o Afogados) e na Sul-Americana (para o Unión Santa Fé), ao menos pode ter o privilégio de dedicar foco total ao Brasileirão — ao contrário de seus principais concorrentes: dos dez primeiros colocados do torneio, só o Sport não tem outros compromissos até o final do ano.

O Internacional, por exemplo, enfrentou o Fortaleza (e perdeu) com o time desfalcado e a cabeça já no Gre-Nal de quarta-feira, pela Libertadores. A derrota custou a liderança para o Atlético-MG. Para se dividir entre as diferentes competições, é fundamental que o clube tenha um bom elenco, capaz de se revezar nas principais partidas, sem grandes perdas de desempenho. Se o elenco não for tão qualificado, um calendário mais ameno pode ser um importante trunfo.

Enquanto o Atlético terá a semana inteira para treinar e descansar, seu próximo adversário, o Grêmio, enfrentará o maior rival na Libertadores, um duelo desgastante e que possivelmente causará baixas em seu time.

Outros exemplos são São Paulo e Palmeiras: os dois jogam no meio de semana na Libertadores, antes de duelos importantes no fim de semana. O Palmeiras enfrenta o Flamengo e o São Paulo, o Internacional.

Keno faz três e reclama de tapa na comemoração

Atacante quase foi pra cima de companheiro

Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Enquanto Galo voa, Cruzeiro vive calvário na Série B

A fase não poderia ser mais agradável ao torcedor do Atlético-MG. Enquanto o time assume a liderança da Série A, o arquirrival Cruzeiro vive crise profunda na segunda divisão. Com a derrota para o CSA em Maceió, a equipe se aproximou perigosamente da zona de rebaixamento.

Agora, o time tem apenas uma vitória nos últimos oito jogos. Para piorar o clima na parte azul de Belo Horizonte, a derrota fez a torcida reviver o meme "Fala Zezé", um áudio enviado no ano passado pelo então cruzeirense Thiago Neves, que pedia o pagamento de salários atrasados e minimizava a possibilidade de perder para o CSA no Brasileiro.

Após a vitória por 3 a 1, o próprio time de Maceió fez menção ao meme e pediu respeito à sua história.

Reprodução/Premiere

Marinho, chora, se isola e recusa entrevista após empate

Protagonista de entrevista célebres e cheias de bom humor, o atacante Marinho agiu diferente após o empate sem gols do Santos com o Botafogo no Rio. Ele se sentou no gramado, chorou, se isolou, falou sozinho e foi o último a ir aos vestiários. No caminho, informou que não daria entrevista a um jornalista que esperava para perguntar o motivo de sua reação.

O técnico Cuca comentou a irritação do atacante após a partida: "Chorou, socou o gramado, ficou desolado. E não é só ele. São todos. E o torcedor tem que valorizar esse tipo de profissional. Esses meninos, e Marinho também, com espírito jovem, passam dificuldade enorme. E ninguém reclama de atraso ou outras coisas."

"Estamos construindo uma família. Quando fazemos partida tão bela e não ganhamos, entra o emotivo. Por essa razão imagino o motivo de ter ficado bravo. E como fazemos tudo e + um pouco, também fico sentido. Temos que valorizar o jogo ao invés de reclamar", afirmou o treinador.

Opinião dos blogueiros

  • Juca Kfouri

    Em Grêmio x Palmeiras, futebol entrou em greve. E assim caminha a mediocridade. Um clássico com 2 faltas, 21 de cada lado, em 90 minutos, uma a cada dois minutos. Lastimável!

    Imagem: UOL
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  • Menon

    Santos e Botafogo já foi o jogo de Mané contra Pelé. Tempos de ouro do futebol. Hoje, é o jogo de Babi x Marinho. Nada contra. Nada irônico ou ofensivo. É apenas uma constatação.

    Imagem: Arquivo pessoal
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  • Milton Neves

    E será difícil brigar com o Galo se continuar desperdiçando pontos bobos como os de hoje. O Verdão não pode viver só das vitórias recentes contra o Corinthians, seu freguês

    Imagem: Reprodução / Internet
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  • André Rocha

    O Internacional não conta com elenco tão homogêneo para se garantir com cinco mudanças. Para piorar, enfrentou um Fortaleza arrumado por Rogério Ceni e sempre pronto para competir

    Imagem: Arquivo pessoal
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Maxi Franzoi/AGIF

Comentaristas criticam baixo nível de Grêmio 1 x 1 Palmeiras

Grêmio e Palmeiras fizeram um jogo modorrento em Porto Alegre ontem. Talvez mais focados em seus duelos pela Libertadores nesta semana, as equipes ficaram num empate pouco emocionante (exceto pelo gol gremista nos acréscimos) e foram criticadas pelos comentaristas da TV.

"O Luxemburgo tem elenco para fazer cinco substituições todo jogo. Eu gosto do elenco do Palmeiras", afirmou Walter Casagrande Jr, que comentou a partida pela TV Globo. "O Grêmio é time forte. O Palmeiras tem um elenco enorme, invicto, mas o jogo não mudou nada desde o começo. É muito pouco para os dois times."

Gustavo Zupak, da ESPN Brasil, foi além: "O Palmeiras jogou mal, deu um chute a gol e fez um gol. O Grêmio teve dois chutes a gol e fez um gol. Os dois times jogaram mal. Jogaram para empate mesmo. O Palmeiras estava ganhando e eu tinha a impressão de que estava ganhando dois pontos sem merecer."

Já o ex-zagueiro Fabio Luciano, também no ESPN, apontou os desfalques de Renato Gaúcho como um dos motivos para o mau desempenho gremista: "O Renato está devendo muito ainda com o trabalho no Grêmio, mas tem desfalques muito pesados. São jogadores titulares do Grêmio, e que têm muita qualidade. O Grêmio não tem um elenco tão grande e o Renato tem que usar muito a base. Não pode servir de desculpa não ter nenhum resultado agora, mas eles fazem falta sim."

Rodada esvaziada sem São Paulo, Corinthians e Flamengo

A 11ª rodada do Brasileiro foi desfalcada por alguns dos times de maior torcida do país. Corinthians e São Paulo folgaram já que suas partidas dessa rodada foram adiantadas. O alvinegro enfrentou e venceu o Bahia na última quarta-feira. Já a 11ª rodada do tricolor paulista aconteceu no dia 26 de agosto, contra o Atlético-PR, no Morumbi (vitória por 1 a 0).

Já o Flamengo completará a rodada apenas no dia 13 de outubro, contra o Goiás. O time está no Equador, onde enfrentará o Barcelona de Guayaquil, na terça-feira. O elenco foi surpreendido com a informação de que seis jogadores estão com covid-19 e não poderão jogar.

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