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Vasco tem 30% de direitos de Miguel por acordo com Flu; pai nega na Justiça

Miguel foi campeão carioca sub-13 pelo Vasco, em 2016. Depois, retornou para o Fluminense - Carlos Gregório / Vasco.com.br
Miguel foi campeão carioca sub-13 pelo Vasco, em 2016. Depois, retornou para o Fluminense Imagem: Carlos Gregório / Vasco.com.br

Bruno Braz e Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

11/05/2021 04h00

O imbróglio do Fluminense com Miguel, que pede sua rescisão na Justiça, tem também interferência no Vasco. O Cruz-Maltino possui 30% dos direitos econômicos do meia de 18 anos em um acordo feito com o Tricolor em 2016. Na ação que corre na 9ª Vara de Trabalho do Rio de Janeiro, entretanto, o pai do atleta, José Roberto Lopes, ignora a questão por não ver validade neste documento.

Em 2015, o jogador, à época com 12 anos, deixou o Flu rumo à Colina após discordâncias entre José Roberto e o clube, no último ano da gestão Peter Siemsen. Pouco depois, voltaria, mas não sem antes se notabilizar com rusgas nos bastidores.

Em São Januário, à época presidido por Eurico Miranda, o pai do jovem jogador teve problemas com Álvaro Miranda, então diretor da base. Meses depois, Miguel acabou voltando a Xerém, já com Pedro Abad como presidente do Fluminense.

Miguel, pelo Vasco, enfrentando o Fluminense, no sub-13, em 2015 - Paulo Fernandes / Vasco.com.br - Paulo Fernandes / Vasco.com.br
Miguel, pelo Vasco, enfrentando o Fluminense, no sub-13, em 2015
Imagem: Paulo Fernandes / Vasco.com.br

Para resolver o litígio com o Cruz-Maltino e retornar ao Tricolor, entretanto, o Flu concordou em ceder 30% dos direitos do meia ao Vasco. Em contato com a reportagem, José Roberto Lopes, pai e agente de Miguel, negou ter ciência desse documento, que não possui sua anuência ou assinatura.

O UOL Esporte apurou que, embasado no documento assinado, o acordo segue de pé para tricolores e cruz-maltinos, mas que o pai do jogador não reconhece a validade deste contrato. Assim, em sua ação judicial, José Roberto Lopes deseja os 90% dos direitos econômicos atrelados ao Fluminense. Os outros 10% já pertencem a Miguel.

O Portal da Transparência do Fluminense registra 90% dos direitos econômicos de Miguel. Em contato com a reportagem, entretanto, o Tricolor esclareceu a questão reconhecendo o documento e a fatia de 30% do Vasco. O Cruz-Maltino, por sua vez, também confirmou o acordo e a negociação no passado.

Miguel fez algumas boas partidas pelo Fluminense, mas nunca teve sequência - Lucas Merçon/Fluminense FC - Lucas Merçon/Fluminense FC
Miguel fez algumas boas partidas pelo Fluminense, mas nunca teve sequência
Imagem: Lucas Merçon/Fluminense FC

Entenda o acordo feito em 2016

Se Miguel é considerado uma joia, Fluminense e Vasco são unânimes ao dizer que a relação com José Roberto, que é também seu agente, é difícilima. Em São Januário, a diretoria o via como a grande promessa do time campeão sub-13, mas achou as exigências de seu pai exageradas.

Em reuniões para a negociação de retorno ao Tricolor, o pai do jovem por um lado afirmava que a decisão se baseava na capacidade dos treinadores e da história com o clube, mas por outro, condicionava o acerto a uma garantia de que o meia pulasse categorias para se tornar profissional.

Além disso, pedia que o Flu contratasse também Gabriel, seu filho mais velho, que, diferentemente de Miguel, não teve muitas chances nos clubes por onde passou.

Gabriel, à direita, foi parceiro de ataque de Evanílson no Samorin, projeto do Flu na Europa - Divulgação - Divulgação
Gabriel, à direita, foi parceiro de ataque de Evanílson no Samorin, projeto do Flu na Europa
Imagem: Divulgação

Enquanto tratava da saída do Vasco e do retorno ao Fluminense, José Roberto também se reuniu com Carlos Noval, à época diretor da base do Flamengo.

No Rubro-Negro, até ouviu uma proposta salarial mais alta do que no Tricolor, mas o clube da Gávea ofereceu apenas um período de testes a Gabriel. O Fla também não estava disposto que Miguel queimasse etapas em sua base. Por isso, o jovem não vestiu vermelho e preto, e voltou mesmo ao Flu.

Como Miguel ainda não tinha 16 anos e só poderia receber bolsas e ajudas de custos de qualquer clube, o acordo entre Fluminense e Vasco foi lavrado em um documento, anexado ao vínculo quando o primeiro contrato profissional do meia foi assinado. A prática não é ilegal.

Pelo Fluminense, Miguel disputou 23 jogos e não marcou gols. O meia deu quatro assistências e chegou a ser destaque no início de 2020, mas nunca teve sequência com Fernando Diniz, Oswaldo de Oliveira, Marcão, Odair Hellmann e Roger Machado, os cinco treinadores que passaram pelo clube desde sua estreia como profissional em 2019.

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