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Derrota liga alerta no Fluminense, e lentidão vira problema crônico

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Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

02/02/2020 04h00

O Fluminense sofreu seu primeiro revés em 2020 e acendeu o alerta no clube. A derrota para o Boavista encerrou a invencibilidade de Odair Hellmann, mas não foi o suficiente para apagar o bom início em termos de resultado. Uma questão, entretanto, tem aparecido de maneira repetida e se tornou um problema "crônico" da equipe: a falta de velocidade.

"Jogamos com uma equipe bastante organizada, linhas médias baixas, dando a posse para nós. Nós tentamos produzir oportunidades, criar um jogo não só de posse, mas de velocidade e intensidade. Hoje não tivemos essa velocidade, fomos muito lentos nas ações, assim você permite o adversário armado para contra-ataque não criar dificuldades para eles. Jogamos dentro do campo deles, mas não conseguimos produzir para empatar e virar", analisou Odair, em entrevista coletiva concedida após o jogo.

Com ou sem a bola, o Tricolor se mostrou um time lento até aqui na temporada. Os reforços mais experientes e a ausência de atacantes titulares e jovens contratados, claro, ajudou a frear, quase literalmente, o estilo de jogo da equipe.

O problema é que para o jogo de terça-feira, quando o Fluminense estreia pela Copa Sul-Americana, grande objetivo do clube na temporada, a equipe seguirá sem suas melhores opções de velocidade, principalmente no ataque: Fernando Pacheco nem foi inscrito na competição por falta de documentos da Federação Peruana de Futebol, assim como Wellington Silva, que será reforço, mas ainda não foi anunciado após ser liberado pelo Internacional.

Por outro lado, nas pontas, o Tricolor tem boas notícias: se esteve longe de brilhar, o uruguaio Michel Araújo mostrou qualidades em sua estreia, e Caio Paulista, que ainda não entrou em campo, estará liberado para a estreia na competição continental. Além deles, os titulares Marcos Paulo e Evanílson, ainda que não sejam jogadores de velocidade, também serão opções para Odair Hellmann.

Alternativa é fazer a bola correr. Mas como?

Sem jogadores muito velozes, Odair tem testado algumas alternativas. A ideia é fazer a bola percorrer rapidamente os espaços que os jogadores não estão conseguindo, ou seja, apostar em viradas de jogo e lançamentos. Nesse sentido, Yago e Hudson têm se destacado. Por outro lado, Henrique e Felippe Cardoso ainda parecem mais longe de se adaptar.

O problema é que, em adaptação, outras peças do elenco não conseguem dar sequência após receberem as bolas longas. Na vitória sobre o Flamengo, por exemplo, Matheus Alessandro recebeu quatro passes de mais de vinte metros, mas não venceu nenhum duelo. O mesmo aconteceu com Gilberto e Felippe Cardoso. Outro encaixe ruim é o do meia Miguel, revelação até aqui na temporada. Jogador de rara inteligência e posse de bola, o jovem ainda não se adaptou às jogadas esticadas e à briga com os zagueiros, algo natural dada sua fase de maturação física.

"Mas você pode notar que no enfrentamento físico ele vai ter dificuldade. Isso ainda vai evoluir, ficar mais forte. Ele está fechando cadeia de maturação, vai evoluir muito, tem 16 anos. Estamos trabalhando com ele. A manutenção dele em campo e a entrada do Nenê era para colocar jogadores por dentro, estávamos conseguindo chegar ali, precisava de uma boa tabela, triangulação, e isso não conseguimos", avaliou Odair.

Outra questão é que, mais vertical, o Flu se ressente de seu melhor passador, Ganso, que segue em trabalho específico de reequilíbrio muscular e está fora da estreia na Copa Sul-Americana. Em tese, o camisa 10 seria a peça ideal para as "achadas" que Odair busca do meio para a frente. Sem ele, Nenê têm aparecido bem, em bom início de 2020, mas com outras características.

A falta de velocidade é um problema que Odair terá pouco tempo para corrigir antes do primeiro grande desafio da temporada. Contra o Union La Calera, no Maracanã, o Fluminense precisa vencer, e de preferência, com folga no placar. A volta, no Chile, será em um estádio com gramado sintético e contra um adversário que deu bastante trabalho aos brasileiros na Sul-Americana em 2019, obrigando o semifinalista Atlético-MG a ir até a disputa de pênaltis pela classificação.

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