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"Inviável", goleiro Bruno rescinde com clube mineiro por razão financeira

Jogador foi condenado em 2013 a 20 anos e 9 meses de prisão, que cumpre em regime semiaberto atualmente - Franco Júnior
Jogador foi condenado em 2013 a 20 anos e 9 meses de prisão, que cumpre em regime semiaberto atualmente Imagem: Franco Júnior

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

29/10/2019 11h01

Resumo da notícia

  • Poços de Caldas FC não conseguiu bancar salários e estrutura para o goleiro por dois meses
  • A cidade é mais de 150km distante de Varginha, onde ele cumpre pena em regime semiaberto
  • Pedido de rescisão foi feito pelo goleiro, insatisfeito pelas condições, e autorizado hoje (29)
  • Representantes do goleiro alegam que o clube não tem licença da Federação Mineira
  • Bruno foi condenado em 2013 a 20 anos e nove meses de prisão por homicídio
  • O jogador alega ter propostas para seguir a carreira; Poços de Caldas não descarta retorno

Condenado em março de 2013 a 20 anos e nove meses de prisão por homicídio, além de sequestro e cárcere privado, e atualmente em regime semiaberto domiciliar, o goleiro Bruno rescindiu contrato com o Poços de Caldas, time da Terceira Divisão do Campeonato Mineiro a que foi apresentado como reforço no último dia 5 como jogada de marketing. O clube considera a permanência do jogador de 34 anos como inviável por razões jurídicas e financeiras.

"Nesse período fizemos quatro ou cinco ofícios para a Justiça e todos foram negados para que ele participasse de amistosos e do planejamento do clube. Somado a isso, estamos esperando um patrocinador que estaria enviando um depósito com o pagamento do atleta, mas ainda não aconteceu, então o salário está atrasado há 15 dias. O atleta achou viável rescindir por esse motivo e nós também, pelo fato de ele estar contratado e não ter como jogar. Em dois meses o Bruno jogou 45 minutos, é inviável", argumenta Paulo César Silva, presidente do Poços de Caldas.

Apesar de estar em regime semiaberto desde julho, a distância de mais de 150 km entre Varginha, onde está desde abril de 2017, e Poços de Caldas inviabilizou liberações judiciais para que Bruno tivesse uma rotina de treinos. Por isso, o clube que assinou contrato com ele até janeiro de 2021 deveria arcar com despesas de estrutura, material e profissionais de treino em outra cidade, o que não vinha acontecendo. O Poços de Caldas Futebol Clube não tem licença da Federação Mineira para entrar em campo, o que espera regularizar até o segundo semestre de 2020, quando o calendário estadual é retomado para times de sua divisão e há previsão de orçamento.

O clube não descarta retomar contatos com o goleiro Bruno quando as condições financeiras melhorarem: "Espero que mais para frente a gente possa ter outra negociação. Hoje não tem como fazer uma análise. O clube apoiou, deu a cara para bater, acreditou no atleta, brigou com as redes sociais, fez tudo para ressocializá-lo. Mas a partir de certo ponto não podemos fazer nada. Acredito que as portas podem ser abertas de novo."

Bruno havia sido anunciado como contratação do Poços de Caldas em 27 de agosto, pouco mais de um mês após seu regime progredir para o semiaberto e ele ser solto mediante condições, como se recolher todos os dias a partir de 20h e só sair de casa depois de 6h, apresentar-se em juízo até o dia 10 de cada mês para prestar contas de suas atividades, sujeitar-se a fiscalização e não frequentar bares e boates. Só em outubro ele conseguiu autorização judicial para viajar e disputar um amistoso, cujos 45 minutos em campo marcaram sua passagem pelo clube.

Sua apresentação ao Poços de Caldas, aliás, contou com a censura de seus representantes a uma emissora local de TV que divulgou imagens de Bruno em um bar no horário em que ele deveria estar trabalhando, em 2018. Depois da reportagem, o goleiro foi condenado por falta grave e voltou ao regime fechado. A nova liberação ocorreu neste ano e segue válida.

Representantes de Bruno dizem estudar propostas de outros clubes.

O goleiro defendeu Atlético-MG, Corinthians e Flamengo, clube pelo qual foi campeão brasileiro em 2009 como capitão. Ele foi preso em setembro do ano seguinte e condenado em março de 2013 pelo homicídio de Eliza Samudio, sua ex-companheira, além de sequestro e cárcere privado de Bruninho, filho do casal. Uma outra pena, pela ocultação do cadáver de Eliza, foi extinta. Em meio ao período de cumprimento da pena ele chegou a jogar cinco partidas pelo Boa Esporte, de Varginha.