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Alçapão? Plano do Palmeiras para sintético em casa é diferente do Athletico

Allianz Parque deve passar por reformulação e receberá gramado sintético em 2020 - Eduardo Knapp/Folhapress
Allianz Parque deve passar por reformulação e receberá gramado sintético em 2020 Imagem: Eduardo Knapp/Folhapress

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo

25/10/2019 04h00

O Palmeiras está em vias de fechar o acordo para instalar o gramado sintético no Allianz Parque. Até por ser algo relativamente novo no futebol brasileiro, é comum que o torcedor use como comparação a experiência do Athletico, mas o plano do Alviverde, na verdade, é totalmente diferente.

A começar pelo material de fabricação. Na Arena da Baixada, o campo tem fibra de coco, areia e borracha. Em São Paulo, o material seria totalmente diferente e vem com uma tecnologia nova, como explica Jomar Ottoni, que é coordenador de fisioterapia do Palmeiras e foi um dos escolhidos da comissão para ir até a Holanda fazer visita à empresa que pode fornecer o produto.

"Na verdade, o tapete, que é que o jeito que a gente chama a grama, é totalmente diferente. O material que vai por baixo e os complementos da grama também. Eles usam areia, borracha e fibra de coco. No nosso, não tem nada disso. E até a tecnologia é diferente, é mais nova, mais resistente e você tem um aspecto mais natural. Não estou falando que é melhor ou pior que o que o Athletico tem, mas é diferente", afirmou Jomar ao UOL Esporte.

"Também há uma preocupação com a borracha de pneu que alguns gramados têm, porque isso esquenta muito. O nosso não vai ter. Na verdade, um campo com essa borracha nem é homologado pela Fifa. Para o gramado sintético, inclusive, a Fifa faz uma inspeção uma vez por ano, com uma semana de testes e tudo mais. É muito mais exigente do que para campos naturais", completou.

Jogadores do Inter treinam na Arena da Baixada antes de decisão da Copa do Brasil - Ricardo Duarte/Inter - Ricardo Duarte/Inter
Gramado da Arena da Baixada é diferente do que vai ser instalado no Allianz Parque
Imagem: Ricardo Duarte/Inter

O que não é diferente da experiência do Athletico é que há mudança do jeito que a bola quica e corre e a expectativa de que a troca aumente o índice de aproveitamento em casa, justificando o rótulo de "alçapão". Na avaliação da comitiva que foi à Europa, a bola rola de forma mais correta em uma grama sintética. Atualmente, os jogadores chamam o gramado do estádio palmeirense de "muito vivo", o que significa que a bola fica mais imprevisível em determinados momentos. Também será menos imprevisível na hora de planejar um show. A expectativa é que o estádio consiga se recuperar de um dia para o outro quando receber um palco.

Além de instalar no Allianz Parque, o Palmeiras precisaria colocar o mesmo gramado em seu centro de treinamento. No momento, o clube conversa com potenciais parceiros e com a empresa fornecedora para chegar a um acordo financeiro, que ainda depende de eventuais permutas que facilitariam o trato. A instalação demora até 60 dias e há risco de o time jogar fora de casa no início do Paulista 2020.

Aspecto financeiro à parte, a visita à Holanda também serviu para outras avaliações sobre possíveis lesões e mudança no estilo de jogo. Jomar afirmou que há alterações que resultarão em mudanças no estilo de preparação para cada atleta.

"Algumas pessoas por lá falam que o modelo de jogo do Ajax só é possível por conta dos treinamentos feitos na grama sintética. E eles nem têm um estádio com a grama. Há uma mudança de estilo de jogo, que compete ao treinador. E também há uma mudança no tipo de lesão. Os tendões e tornozelos sofrem mais por conta da absorção do impacto. Em um piso sintético, a troca de energia é maior, porque você empurra o chão para uma arrancada, para um salto, e o chão devolve tudo. Na grama há uma absorção da energia. Mas isso a gente consegue trabalhar a prevenção e não vai nos prejudicar. Na verdade, a tendência é até que haja menos lesões musculares", finalizou.

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