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Capitão no título do Athletico, Wellington superou saída confusa do Vasco

Jogadores do Athletico comemoram título da Copa do Brasil 2019 - Jeferson Guareze/AGIF
Jogadores do Athletico comemoram título da Copa do Brasil 2019 Imagem: Jeferson Guareze/AGIF

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/09/2019 04h00

Ostentando a braçadeira de capitão, Wellington foi um dos nomes importantes da campanha que levou o Athletico-PR à conquista inédita da Copa do Brasil. O destaque no Furacão aconteceu pouco mais de um ano após uma conturbada saída do Vasco, onde o volante acabou se envolvendo em uma polêmica durante a disputa da Libertadores e passou a ser um dos jogadores mais criticados pela torcida.

Amanhã (22), Vasco e Athletico-PR se enfrentam pela primeira rodada do segundo turno do Campeonato Brasileiro. Depois da conquista na última quarta-feira, sobre o Internacional, no Beira-Rio, o técnico Tiago Nunes ainda não divulgou qual estratégia utilizará e nem se sabe se Wellington, personagem das histórias recentes dos dois clubes, estará em campo.

Wellington chegou ao Vasco em maio de 2017, por empréstimo do São Paulo, e fez parte do elenco que chegou à sétima colocação do Campeonato Brasileiro e, consequentemente, à fase preliminar da Libertadores de 2018.

"Você olha e vê a dimensão do Vasco. No início, não fui bem aceito. Estava há um tempo sem jogar e tinham chegado mais outros reforços. No início do Brasileiro, tivemos dificuldades de entrosamento até o Milton Mendes achar o time ideal. A torcida, às vezes, não tem a paciência de esperar. Eu comecei sendo muito criticado. Fui jogando, tendo sequência. Chegou o Zé Ricardo e foi um divisor de águas para mim. Cara espetacular, que sabe lidar com o grupo. Achamos um padrão e o time começou a jogar bem, chegando à pré-Libertadores", lembra ele.

Ao fim do ano, Wellington caiu nas graças da torcida, que pediu a renovação de contrato, mas a campanha ruim na fase de grupos da Libertadores e uma polêmica acabaram abreviando a passagem do volante por São Januário.

Ariel Cabral tenta desarmar Wellington no jogo entre Cruzeiro e Vasco, pela Libertadores - REUTERS/Washington Alves - REUTERS/Washington Alves
Imagem: REUTERS/Washington Alves

Às vésperas do último jogo do Vasco na fase de grupos, Wellington, Rafael Galhardo, Paulão, Gabriel Félix, Erazo, Evander e Fabrício, que estavam no Chile para a partida contra o Universidad do Chile, posaram para uma foto e publicaram com a legenda "huuuuu", simulando os sons das vaias que vinham recebendo.

"O torcedor pediu minha renovação e minha escolha foi de ficar por causa da torcida. Começamos o ano de 2018 praticamente sem diretoria. Nos apresentamos em janeiro, para a Libertadores, com o CT ainda sem toda a estrutura. Brigamos nos jogos da Libertadores e merecemos a classificação, mas caímos em um grupo muito forte. O elenco tinha muitos meninos que disputavam a Libertadores pela primeira vez. Torcedor do Vasco está acostumado às vitórias e ficou decepcionado", ressaltou o volante, que completou:

"Infelizmente, não se conquista [títulos] só com 11 jogadores. Tinham alguns problemas e isso afeta o grupo. Era um grupo muito jovem. Por mais que jogasse mal, eu não me escondia e não ia expor os jovens. Eu acabava me expondo em campo. Me escolheram para Cristo, podemos dizer assim, nas cobranças. Até quando eu não jogava, a culpa era minha".

Diante de toda o cenário, o Vasco anunciou a rescisão de contrato com Wellington em julho de 2018. O jogador, por sua vez, garante não ter mágoas:

"Não tenho mágoas com o torcedor, pelo contrário. Tenho amigos no Vasco, como o Breno, que jogou comigo desde a base do São Paulo. Lá [Vasco] tem grandes profissionais".

Felicidade no Athletico-PR

Pouco depois de deixar o Vasco, Wellington acertou vínculo com o Athletico-PR. Ele esteve no grupo que conquistou a Sul-Americana e a Copa do Brasil, títulos inéditos até então para o Furacão.

"Feliz demais. Ainda não sabemos a dimensão [do título da Copa do Brasil] porque, com pouco tempo, não saímos nas ruas. Ainda não tivemos contato na rua diariamente, mas acredito que seja muito grande", disse.

Wellington lembrou que o Athletico-PR não era apontado entre os favoritos na reta final da Copa do Brasil.

"Fomos desacreditados por muitos. Pessoal sempre colocou o Flamengo como favorito, disseram que eles iam nos atropelar, não nos respeitaram. Provamos que, no futebol, o que vale é o 11 contra 11. Depois, contra o Grêmio, a mesma coisa, ainda mais depois da derrota no primeiro jogo. Conseguimos superar e chegamos à final contra o Inter. Falavam sobre a Arena, mas fizemos um bom jogo no Beira-Rio e provamos, mais uma vez, que não tem nada a ver essa questão do gramado [na Arena da Baixada a grama é sintética]."

O volante tem vínculo até o fim do ano que vem, mas disse ter recebido sondagens. Porém, garante foco no Athletico-PR:

"Tenho contrato. Aconteceram sondagens do Japão e dos Emirados Árabes, mas nada concreto. Eu vou continuar dando o meu melhor a cada dia e, caso surja algo bom para mim e para o clube, a gente analisa".

Mágoa com o Internacional

Amaral e Wellington dividem a bola na partida entre Goias e Internacional, pelo Brasileirão - Alexandre Schneider/Getty Images - Alexandre Schneider/Getty Images
Imagem: Alexandre Schneider/Getty Images

O fato de o título da Copa do Brasil ter sido conquistado dentro do Beira-Rio teve um sabor especial para Wellington. O jogador demonstrou certa mágoa com o Internacional, clube que defendeu entre 2014 e 2015.

O jogador alegou que, quando houve a troca da diretoria e da comissão técnica, foi abandonado pelo clube.

"Cheguei muito bem ao Internacional. Tinha uma diretoria muito boa, coincidentemente, a que está atualmente. Tinha um treinador top que era o Abel Braga. Grupo bom. Minha adaptação foi rápida. Fomos penta do Gaúcho, segundo no Brasileiro e chegamos à semi da Libertadores. No meu segundo ano, já tinha uma diretoria nova, com o [Carlos] Pellegrini [ex-diretor de futebol], [Vitor] Piffero [ex-presidente] e começou a falta de respeito e profissionalismo", lembra.

Wellington lembra período em que esteve lesionado e que o então técnico Aguirre pediu para que ele ficasse mais um período no clube. Porém, veio o doping (ao lado do também volante Nilton testou positivo para as substâncias hidroclorotiazida e clorotiazida, que são classificadas como diuréticos).

"Tinham mandado o Abel embora e já estava o Aguirre. Passei por uma transição [após lesão]. Quando eles chegaram, eu estava lesionado. Deram entrevista dizendo que eu ia voltar com sequela, ia demorar a voltar... Fui operar em São Paulo e para treinar lá [no São Paulo]. Era minha casa. O Internacional me forçou a voltar porque eu tinha contrato. Eu topei, mas pedi que o departamento médico do São Paulo pudesse opinar na recuperação", aponta ele, que completa:

"Eu treinava dois períodos no clube e dois em casa. A diretoria não valorizou o esforço que fiz pelo Inter. O Aguirre pediu seis meses para que eu mostrasse meu futebol. Consegui voltar e, depois, no Brasileiro, fui parado no doping. Depois de dois meses jogando."

O volante ressalta que pagou advogados do próprio bolso para auxiliarem a defesa.

"Eu estava em um lugar onde não me queriam e, quando aconteceu isso, viraram as costas e me acusaram de algo que eu não tinha feito. E não tinha como, porque eu passava mais tempo no clube do que em casa. Foi humilhante. Paguei um advogado particular para estar perto porque passei a não confiar nos advogados do Internacional", recorda.

Em setembro de 2019, porém, a resposta veio em forma de título:

"Quando acabou o jogo, eu, como capitão, dentro do Beira-rio, e sendo campeão... Eu não imaginava dar a volta por cima daquele jeito."

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