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Um mês de Cruzeiro: ainda com pleno respaldo, Ceni sobrevive a crise

Há 30 dias, Ceni era apresentado como técnico do Cruzeiro. Hoje, ele é o único com apoio unânime no clube e na torcida - Cruzeiro/Divulgação
Há 30 dias, Ceni era apresentado como técnico do Cruzeiro. Hoje, ele é o único com apoio unânime no clube e na torcida Imagem: Cruzeiro/Divulgação

Enrico Bruno

Do UOL, em Belo Horizonte

12/09/2019 04h00

Rogério Ceni completa, hoje, 30 dias desde que foi apresentado oficialmente como novo técnico do Cruzeiro. Em apenas um mês, o comandante já viveu uma montanha-russa de emoções que foram desde a euforia na estreia, passando pelo sonho de um título inédito até derrotas mais amargas e uma reflexão precoce sobre seu futuro no clube. Mas apesar de estar vivenciando a maior crise institucional do Cruzeiro, o treinador é, talvez o único profissional que ainda conta com apoio unânime dos diretores e torcedores, além de boa parte do elenco. .

Desde a goleada sofrida para o Grêmio, no último domingo, a torcida cruzeirense iniciou uma série de protestos ainda na saída do estádio Independência. Em Belo Horizonte, faixas contra a diretoria e jogadores foram espalhadas desde o início da semana. Na porta do CT, atletas também são cobrados pelo futebol abaixo do esperado dos últimos meses. Em todos esses momentos, Rogério Ceni é um raro nome a escapar de qualquer tipo de crítica.

Há até uma faixa com a mensagem "fechado com o Ceni", vista nas últimas manifestações da torcida. Parte desse apoio pode ser explicado pelo pouco tempo de casa do técnico, mas também por causa da sinceridade adotada em sua última entrevista, com declarações fortes sugerindo "mudanças drásticas" para que o time supere uma "situação delicada".

Quando chegou ao Cruzeiro, Ceni viu a esperança de dias melhores ser acompanhada pela desconfiança em volta de uma filosofia totalmente inversa à anterior. O desejo da torcida era ver um Cruzeiro mais ofensivo, o que era compatível com o modelo adotado por Ceni. Mas a necessidade de resultados positivos imediatos colocou uma pulga atrás da orelha de quem temia que a equipe demorasse para adquirir outro padrão de jogo.

Contra o então líder Santos, já no primeiro jogo, essas dúvidas caíram por terra. Ou pelo menos pensou assim o cruzeirense mais otimista: foi vitória convincente e uma intensidade que há muito tempo não se via. Nem mesmo o empate com o CSA (até então lanterna) e o triunfo apertado contra o Vasco diminuíram a empolgação por uma reviravolta na Copa do Brasil e uma classificação contra o Internacional, pela semifinal. Foi aí que a história começou a mudar.

O Cruzeiro não só foi eliminado para o Inter, como também jogou mal e teve seu treinador questionado por causa das suas decisões na hora de escalar e fazer as substituições. As críticas tomaram ainda mais força porque o meia Thiago Neves era uma das fontes. Dias depois, o Cruzeiro fez outro jogou muito ruim e acabou goleado para o Grêmio em Belo Horizonte. Empurrando Ceni para um extenso desabafo em sua coletiva, já pedindo soluções para a diretoria, enquanto colocava suas próprias ideias em xeque. Talvez fosse o momento de rever seus conceitos e voltar a escalar uma equipe defensiva, cogitou.

Além da má fase dentro de campo, Ceni ainda tem o trabalho extra de tentar blindar o elenco para não ser influenciado pela crise institucional enfrentada pela atual diretoria. O clube tem problemas financeiros graves e questões judiciais a serem respondidas. Na semana passada, Rafael Sóbis, hoje no Inter, revelou que saiu do clube por causa dessa turbulência, e que isso acaba influenciando também dentro das quatro linhas.

Apesar de todos os problemas ao seu redor, Ceni tem o respaldo para fazer as mudanças que desejar. Essa carta branca já foi dada pela diretoria. No discurso, jogadores têm se esforçado para dizer que estão unidos com o novo técnico. Na prática, essas primeiras mudanças e esse discurso já serão testados justamente contra Mano Menezes e seu Palmeiras, neste sábado.

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