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Renato Mauricio Prado

O problema não é o VAR. Somos nós

Após consultar o VAR, Vinicius Furlan volta atrás em marcação de pênalti para o Palmeiras contra o São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Após consultar o VAR, Vinicius Furlan volta atrás em marcação de pênalti para o Palmeiras contra o São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

01/04/2019 12h30

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Avanço indiscutível e irreversível no auxílio às arbitragens no futebol em todo mundo, o VAR, quem diria, está virando a Geni (da inesquecível música de Chico Buarque) no Brasil. Após as rodadas dos estaduais, no último final de semana, pérolas das mais bizarras foram proferidas por técnicos, jogadores, ex-árbitros e até jornalistas. Como se o problema do uso das imagens fossem as próprias e não a forma confusa como tem sido utilizada. Vamos deixar de baboseira? O problema não é o VAR. O problema somos nós - sempre prontos a apontar um culpado por nossos erros e nossas derrotas e a reclamar de qualquer novidade.

A turma do Atlético Mineiro corcoveia porque dois gols do seu time foram anulados na partida contra o BOA. Mas ambos foram de fato irregulares. Reclamam de quê? Porque, talvez, se não houvesse o auxílio de vídeo tais irregularidades poderiam passar despercebidas? Só rindo.

Situação ainda mais escalafobética se viu na análise do ex-árbitro Sandro Meira Ricci, agora comentarista do SporTV. Disse ele que, de fato, pelo que viu no vídeo, não marcaria o pênalti sobre Dudu, do Palmeiras. Mas "como o juiz o marcou com tanta convicção, não deveria ter recorrido às imagens para mudar de opinião". Pode haver raciocínio mais estapafúrdio?

É óbvio que o uso do VAR não acabará com muitas polêmicas e, em alguns casos, mesmo com ele, haverá casos de interpretações diferentes para certos lances. Isso, porém, jamais deverá impedir que o árbitro, quando a turma do VAR discordar de sua marcação de campo, tenha a oportunidade de rever a jogada para ratificar ou retificar sua marcação com convicção.

O problema, repito, somos nós. Há juízes que, por insegurança, passaram a apitar "conversando" o tempo todo com a turma lá de cima. Não é essa a ideia. Ao contrário, a boa arbitragem deve atuar como se não houvesse VAR e só recorrer a ele quando alertado pelo juiz da cabine de um possível equívoco.

Também por nossos péssimos hábitos, jogadores e técnicos passaram a pressionar ainda mais o juiz quando ele vai conferir o lance no monitor à beira de campo. Tal atitude deveria ser punida severamente com cartões - amarelo na primeira pressão; vermelho na segunda. Simples assim.

É normal e até compreensível que nesse período inicial ainda haja muita desordem. Com o hábito e a correta orientação dos comandos da arbitragem e dos próprios times, o VAR, certamente, ajudará a melhorar muito o nível de atuação de nossos juízes. Mas erro zero jamais.

Por isso, presta um desserviço ao esporte aquele que diz que ele está "causando muita confusão e atrapalhando mais que ajudando". Isso é choro de perdedor ou daqueles que têm enorme dificuldade em assimilar a evolução necessária ao esporte. E jornalista que se preza não pode entrar nessa roubada.

Pecado

O jovem monegasco Charles Leclerc, de apenas 21 anos, deu um show nos treinos e na corrida da Fórmula 1 no Bahrein. Fez a pole-position, perdeu a liderança para o companheiro Sebastian Vettel na largada (quando chegou a ser superado também por Valteri Bottas, da Mercedes), mas, poucas voltas depois, recuperou-a de forma incontestável e disparou na frente, não dando chances a ninguém de se aproximar.

Pena que, traído por uma inesperada perda de potência no turbo do motor de sua Ferrari, acabou vendo a primeira vitória no circo escapar e só acabou no pódio (em terceiro) porque o "safety-car" teve que entrar na pista nas últimas voltas, por conta da quebra dos carros da Renault.

Não tenho dúvidas, porém, que a Fórmula 1 tem uma nova estrela. E o moleque vai dar muita dor de cabeça, não somente a seus adversários da Mercedes e da Red Bull, mas também - e principalmente - ao seu parceiro na escudeira de Maranello.

Duvido que o tetracampeão Vettel consiga dormir tranquilo até o final da temporada. Não foi à toa que ele defendeu tanto a renovação do contrato de Kimi Raikkonen, que nunca chegou a incomodá-lo de verdade.

Absurdo

Estou com Bernardinho e com Ana Paula Henkel. É evidente que a transexual Tifanny leva enorme vantagem física sobre as jogadoras que enfrenta agora na Superliga feminina de vôlei. Como Rodrigo, ele nunca passou de um jogador medíocre, sem destaque em nenhum dos vários clubes pelos quais jogou. Agora, contra mulheres e com uma rede 19cms mais baixa faz a festa. Qual o sentido esportivo disso?

Nada contra a nova identidade pessoal dela. Tem todo o direito de escolher o que vai ser e, com qualquer gênero, deve ser respeitada. Mas ela leva vantagem no físico. Não há baixa nos níveis de testosterona que desfaça esse benefício, seja em força, seja em impulsão.

Em tempo: Tifanny pode fazer chover na Superliga que não chegará nem perto do que Ana Paula fez no vôlei, colecionando títulos e uma medalha olímpica na quadra e um circuito mundial na areia. Para ter alguma (pequena e improvável) chance de se comparar a ela não basta trocar de sexo. Será preciso nascer de novo...

Em tempo 2, a missão: 90% da comunidade de voleibol pensa exatamente como Ana Paula e Bernardinho. Só não se fala abertamente disso porque ninguém quer parecer politicamente incorreto e comprar briga com a comunidade LGBT. Foi só por isso, aliás, que o técnico se desculpou após o (justo) desabafo na quadra.

O ridículo Carioquinha

O Vasco conquistou a Taça Guanabara (primeiro turno) e o Flamengo, a Taça Rio (segundo turno). Nos bons tempos do futebol carioca, eles disputariam agora o título. Mas no ridículo carioquinha do Rubinho, Fluminense e Bangu ainda participarão de um quadrangular final (com Flamengo e Vasco) e podem ser campeões sem vencer turno algum. Mais ridículo e esportivamente absurdo, impossível.