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Rafael Reis

REPORTAGEM

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Eurocopa: 15% dos jogadores poderiam disputar outros torneios continentais

Benzema e Mbappé, astros da França, são descendentes de africanos - Reprodução
Benzema e Mbappé, astros da França, são descendentes de africanos Imagem: Reprodução

07/06/2021 04h00

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Karim Benzema seria o astro da seleção da Argélia. Camarões teria seu ataque liderado por Kylian Mbappé. Mali ganharia o reforço de N'Golo Kanté no seu meio-campo. Romelu Lukaku aumentaria consideravelmente o poderio ofensivo da República Democrática do Congo. Thiago Alcântara enriqueceria o Brasil. E até a inexpressiva equipe de Burundi ganharia um craque para chamar de seu: Kevin de Bruyne.

Se quisessem, todos os jogadores citados acima poderiam hoje estar defendendo alguma seleção de um outro continente que não a Europa. Mas eles serão, a partir deste fim de semana, alguns dos grandes nomes que desfilarão nos gramados da Eurocopa.

O torneio que reúne as maiores forças do futebol do Velho Continente é uma aula de globalização e um balaio de misturas étnicas e raciais. Afinal, cerca de 15% dos jogadores inscritos na competição poderiam disputar algum um outro torneio continental, como Copa América ou Copa Africana de Nações.

Para ser mais preciso: 93 dos 624 atletas relacionados pelas seleções da Euro possuem também passaporte de algum país africano, asiático ou das Américas ou possuem condições legais de requerer essas cidadanias por causa de antepassados.

A maioria desses jogadores é formada por filhos ou netos de imigrantes que deixaram a África em algum momento do século passado rumo à Europa e acabaram se estabelecendo por lá. São 69 filhos comprovados do continente ao sul do Mar Mediterrâneo disputando a competição neste ano.

Mbappé, por exemplo, é um filho de um camaronês que jogou futebol profissionalmente nas divisões inferiores da França durante a década de 1990. Já Kanté é descendente de malineses que chegaram aos arredores de país nos anos 1980 e passaram décadas ganhando a vida como catadores de lixo.

A seleção que os dois defendem, a francesa, é mais "multicontinental" da Euro. O time, vencedor da última Copa do Mundo e atual vice-campeão continental, tem nada menos que 17 jogadores (de 26 convocados) nessa situação, a maioria com raízes africanas.

A também favorita Bélgica, de Lukaku e De Bruyne, e a Holanda, turbinada por crias de famílias de Suriname e Curaçao, ocupam a segunda colocação nesse ranking, com 11 atletas de famílias de imigrantes de outros continentes. Suíça e Inglaterra, com dez jogadores cada, aparecem na sequência.

Originalmente, a Eurocopa era para ter sido disputada no meio do ano passado. No entanto, a pandemia da covid-19 fez com que a competição fosse adiada em 12 meses.

Pela segunda vez na história, o torneio será disputado por 24 seleções. A novidade é que desta vez não há uma sede fixa. Para comemorar o aniversário de 60 anos do continental, ele terá jogos disputados em 11 cidades de 11 países diferentes.

A partida de abertura, entre Itália e Turquia, nesta sexta-feira, será disputada no estádio Olímpico de Roma, na capital italiana. Já a decisão, em 11 de julho, está marcada para Wembley, em Londres, no território inglês.

Além de Itália e Inglaterra, a Eurocopa 2020 (sim, ela manteve esse nome mesmo com o adiamento da data) passará por Azerbaijão, Dinamarca, Alemanha, Escócia, Espanha Hungria, Holanda, Romênia e Rússia.

As seleções mais multicontinentais da Eurocopa

França - 17 jogadores convocados
Bélgica e Holanda - 11 jogadores convocados
Suíça e Inglaterra - 10 jogadores convocados
Portugal e Suécia - 5 jogadores convocados
Alemanha - 4 jogadores convocados